De
meados dos anos 80 até hoje, ela decresce a cerca de 1,2% ao ano.
Terminada a eleição, é preciso aceitar os seus
resultados e conformar-se. Ao vencedor, caberá o exercício do governo de 2019 a
2022. Enquanto ele respeitar os princípios fundamentais e garantir os direitos
e deveres individuais e coletivos da Constituição de 1988, deve merecer um voto
de confiança de todos os cidadãos.
O que se espera dele é que priorize as linhas mestras do
discurso com o qual ganhou as eleições:
1) enfrentar com seriedade e inteligência o desesperador
problema da "segurança" pessoal e resolver o embaraçoso incesto posto
a nu pela Lava Jato e 2) o cumprimento do art. 173 da Constituição, no qual se
afirma que a "exploração direta da atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos de segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definido em lei", o que dá suporte
às privatizações. As missões foram entregues, respectivamente, a Sergio Moro
e Paulo Guedes,
dois obstinados e inteligentes operadores.
Sergio Moro - Ministério da Justiça
Por outro lado, circulam sugestões na área de comércio
exterior que são puras fantasias. Precisamos mesmo voltar a nos abrir para o
exterior e reconectar nossa indústria às cadeias globais de valor, mas com
ponderação e firmeza.
Lembremos, desde logo, que "vantagem
comparativa" não é destino. Principalmente num país com 210 milhões de
habitantes e renda média que pode abrigar economias de escala em muitos
setores.
O Brasil já fez isso com o programa "Exportar é o
que importa", a partir de 1967, com:
1) uma reforma das tarifas efetivas; 2) um
"draw-back" verde-amarelo que tornava livre e ágil as importações de
insumos para produtos exportados; 3) o financiamento de exportação rápido e com
taxas de juros iguais às externas; 4) a devolução de todos os impostos que
oneram a exportação (até mesmo os impostos menores, como o IPTU) e 5) uma taxa
de câmbio estável e competitiva. Hoje ela pode ser a do mercado enquanto a taxa
de juro real interna for igual à taxa de juro real externa somada ao risco
Brasil.
A relação entre o valor das exportações industriais
brasileiras e o valor das exportações industriais do mundo cresceu a 15% ao ano
entre 1967 e 1980, quando a indústria nacional era a mais sofisticada dos
países emergentes.
De meados dos anos 80 até hoje, ela decresce a cerca de
1,2% ao ano. Este é o verdadeiro índice da desindustrialização. É, basicamente,
o resultado da cuidadosa desmontagem do programa de exportação e da insistência
numa taxa de câmbio valorizada (às custas de indecentes taxas de juros reais
internas) para combater a inflação, que praticamos nas últimas três décadas.
Antonio Delfim Netto - economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É
autor de “O Problema do Café no Brasil”.
Fonte: artigo jornal FSP