O
saudável hábito de pagar tudo em dinheiro, à moda antiga, pode salvar finanças
Elcio está exultante. Há tempos vinha lutando consigo
mesmo para entender por que não conseguia fechar o mês com saldo positivo.
Sabia que precisa controlar os gastos que estavam fora de controle, mas não
sabia como.
Depois de muitas tentativas, encontrou a fórmula,
simples, que o coloca no comando da situação. O primeiro passo foi descobrir
para onde estava indo o dinheiro e detectar onde estavam os excessos que o
levava, sistemática e inevitavelmente, a utilizar o limite do cheque especial e
parcelar a fatura do cartão de crédito.
Começou a ter clareza dos gastos quando criou uma
planilha para mapear as despesas pessoais, da casa e dos filhos. Antes,
confiante de que havia recursos para custear todos os desejos e necessidades da
família, não havia planejamento prévio nem controle após os gastos.
Como jovem quetinha só US$ 2 na carteira acumulou US$ 1 milhão e se aposentou aos 30
Ele chegou a economizar 82% de sua renda.
Não demorou para as evidências aparecerem. Os gastos com
alimentação fora de casa, por exemplo, chamaram a atenção de Elcio. O montante
despendido com as prazerosas e dispendiosas refeições em restaurantes,
pizzarias, padarias e lanchonetes iam muito além do que ele imaginava.
Esse é um item fácil de corrigir. Decidiram por
priorizar a saudável e mais econômica alimentação em casa e limitaram bastante
as refeições fora de casa.
A refeição no trabalho, por exemplo, foi substituída
pela marmita, boa e barata. Cerca de três meses após iniciar o controle das
despesas, Elcio ainda não estava contente, tinha mais consciência de quanto e
como gastavam o dinheiro, mas continuava financiando a fatura do cartão e, vez
ou outra, avançava no limite do cheque especial.
Apesar da disciplina e do controle dos gastos,
imperfeito, é verdade, não tinha conseguido se livrar das dívidas e começou a
desconfiar da origem do problema: o uso descontrolado dos cartões de crédito.
Ele e os demais membros da família usavam os cartões como
se dinheiro fosse. Entretanto, os cartões são um meio de pagamento muito
perigoso, que estimula o consumo.
Elcio começou a entender que o limite dos gastos não era
o limite do cartão, muito superior ao seu limite pessoal. E decidiu cortar o
mal pela raiz.
O sossego só veio quando Elcio decidiu trancar os
cartões de crédito em uma gaveta e pagar tudo em dinheiro. Sem a artimanha do
falso dinheiro de plástico, ele, esposa e filhos pagavam tudo em dinheiro.
Como a quantidade da moeda de cada mês é finita, foram
obrigados a planejar, priorizar, fazer escolhas. E aprenderam a parar quando o
dinheiro acabava.
Pelo terceiro mês consecutivo, as contas da família
fecham no azul, razão mais do que suficiente para justificar a alegria de
todos. Incrível como uma simples mudança de hábitos salvou a família das
dívidas, trouxe maior consciência em relação ao consumo exagerado e ainda
propagou a educação financeira na família.
Elcio está duplamente contente: no comando das despesas,
se libertou das dívidas do caríssimo crédito rotativo e vê a esposa e os filhos
mais comprometidos com hábitos mais saudáveis que certamente trarão muitos
benefícios.
A alimentação em casa trouxe resultados tão positivos
que todos estão animados e comprometidos em manter o hábito; os benefícios
foram muito além do financeiro. O relacionamento familiar melhorou.
A antiga e isolada preocupação de Elcio com as
finanças afetava seu espírito, seu ânimo, a maneira de se relacionar com
esposa e filhos.
Como agora todos compartilham da mesma percepção em
relação ao dinheiro e dos benefícios colhidos com a mudança de hábitos, os
atritos familiares foram eliminados.
Em conjunto, decidiram eliminar as comprinhas supérfluas
e juntar dinheiro para realizarem a viagem dos sonhos, possível agora que se
uniram em torno de um propósito maior.
Marcia Dessen - planejadora financeira CFP (“Certified Financial
Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Fonte: coluna jornal FSP