Chegamos ao mês de julho… E eis
que já passamos da metade do ano! O ano de 2016, seguindo as tendências do seu
antecessor 2015, continua bastante movimentado, considerando uma série de
notícias e fatos econômicos que deixam muitos brasileiros preocupados.
Sabe-se que em momentos de
crise e de maior incerteza econômica, como o que estamos atravessando, o
desafio de planejar e poupar para a aposentadoria é ainda maior. Notícias como
as que vemos através dos meios de comunicação, de desemprego crescente e
índices de inflação maiores do que os que estávamos acostumados, estão
diretamente ligados à redução da renda e do poder de compra das pessoas,
impactando negativamente no planejamento daqueles que sonham em ter uma
aposentadoria financeiramente tranquila.
Diante dessa dura realidade, a
informação é uma ferramenta muito poderosa. Nesse sentido, eleva-se a
importância da famosa educação financeira e previdenciária. Torna-se
necessário, também, que cada um aumente seu nível de consciência acerca da
importância de investir na sua própria aposentadoria e não apenas desista de
realizar seus aportes para a previdência, enquanto se espera dias mais
favoráveis. Eliminar ou reduzir outros gastos, por exemplo, pode ser uma
excelente alternativa para não deixar de realizar as contribuições para a
previdência nos mesmos níveis que se vinha praticando, e, com isto, evitar
futuros arrependimentos.
Para aqueles que pensam que
poupar dinheiro ao mesmo tempo que a maioria das despesas aumenta é impossível,
uma dica muito válida é ter o efetivo controle e organização sobre suas
finanças. Um planejamento financeiro bem estruturado e o conhecimento de onde
se gasta cada real que se recebe mensalmente, partindo-se dos menores valores
até os valores mais elevados, facilita a análise de cada item e permite a
verificação de onde se pode poupar para direcionar a verba para a previdência.
Para isto, vale desde as tradicionais planilhas de controle de gastos até os aplicativos
para smartphone
e afins, que permitem este tipo de acompanhamento.
Neste complexo contexto, os
fundos de pensão também têm um importante papel de entender que as necessidades
de seus participantes podem estar mudando e ajustar a estratégia de comunicação
à essa nova realidade. E mais, os atuários não devem ficar de fora deste
processo! Com o tema “O Atuário e o desafio de inovar, o 11º Congresso
Brasileiro de Atuária, ocorrido nos últimos dias 29 e 30 de junho em São Paulo,
debateu e analisou diversos aspectos técnicos, legais, políticos e econômicos
relacionados ao mercado de previdência complementar. Dentre outros pontos, foi
destacado que o atuário deve buscar uma comunicação eficiente, aliada ao seu
conhecimento de negócios e sua capacidade de análise, auxiliando as entidades
de previdência complementar a se reinventarem naquilo que for possível, e a
pavimentar novos caminhos para o crescimento, especialmente nos momentos de
crise. Ou seja, não podemos mais fazer o mesmo que sempre fizemos, pois vamos
chegar nos mesmos resultados! Assim, o novo perfil do atuário perpassa pelas
seguintes atitudes: empreendedorismo, indução de mudanças, domínio de técnicas
de relacionamento e comunicação e maior envolvimento em programas de educação
financeira e previdenciária, buscando ao lado das entidades uma maior
conscientização das pessoas sobre a importância de economizar no longo prazo.
Sobre este último aspecto,
nunca é demais enfatizar, que:
· A previdência privada é reconhecida pela disciplina de longo prazo
que proporciona aos seus participantes e por vantagens tributárias (dedução de
até 12% da renda na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda, por
exemplo);
· O fato de os planos de benefícios permitirem o acesso a mercados
diversificados, inclusive com alguma parcela dos ativos no exterior,
possibilita aos fundos de pensão estudarem a melhor estratégia de ajuste ao
cenário econômico, podendo gerar rentabilidades atraentes com um menor grau de
risco a longo prazo;
· Nos dias de hoje, contar apenas com a Previdência Social para se
sustentar na aposentadoria pode ser considerado uma estratégia arriscada para a
maior parte da população, especialmente para os mais jovens e também para os
que já possuem renda superior ao teto do INSS;
· Decidir parar de contribuir para o plano de benefícios por
impulso torna-se um erro comum entre as pessoas, especialmente quando elas não
têm consciência dos impactos que esta atitude gera, que pode levar inclusive ao
cancelamento do plano, a depender das regras regulamentares específicas.
Cumpre-nos lembrar, ainda, que
o planejamento para a aposentadoria passa pelas etapas de estimar quanto se
precisará acumular e quanto ainda falta para atingir esse valor estimado, e sua
entidade de previdência complementar pode lhe ajudar a fazer isto. A partir
dessas informações é possível definir um plano de ação e acompanhar se você
está alcançando suas metas, ou se precisa rever seu planejamento.
Por fim, é sempre importante se
questionar: É preferível manter meus padrões de consumo hoje, em detrimento da
minha aposentadoria; ou seria melhor cortar gastos agora para se aposentar na
forma planejada?
Mariana Abigair de Souza Sabino -
atuária, com Especialização em Estatística e pós-graduanda em Direito da
Previdência Complementar, é Supervisora Atuarial da MERCER GAMA.