Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de
2014, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), de cada 100 aposentados 28 continuam trabalhando, 6 mantém outras
fontes e 66 possuem rendimentos provenientes exclusivamente da previdência e
programas sociais, sendo que destes 88% possuem rendimentos menores do que 3
salários mínimos. O que nos resta para sair desta estatística é acumular
recursos para então obter uma renda maior.
Os
trabalhadores que conseguem manter-se com emprego, em boa parte dos casos,
preferem se aposentar o mais cedo possível e continuar trabalhando. Esta
estratégia é adotada para somar aos valores da aposentadoria por tempo de
contribuição do INSS com o salário do emprego atual ou de trabalho autônomo.
Apesar
da estratégia adotada pelos trabalhadores mencionados, analisando-se algumas
estatísticas, a partir de 1999 e em menor grau a partir de 2003, percebe-se que
há paulatinamente um aumento da idade média na data da concessão do benefício
de aposentadoria, ou seja, a idade média na data de início do benefício – DIB
vem aumentando.
Gráfico 1: Evolução da Idade média por
gênero, na data da concessão do benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição.
Fonte:
Gráfico do autor, com base em estatísticas do anuário da Previdência Social até
2013, anos posteriores ainda não disponíveis.
Diversas
são as origens que podem justificar esse pequeno aumento ano a ano da idade
média na DIB, mas independentemente da origem torna-se importante a
identificação da possibilidade de se aumentar o prazo de formação da reserva de
aposentadoria.
Sem
dúvida nenhuma, uma grande vantagem de ter plano de previdência é a
possibilidade de postergação do pagamento do imposto de renda. Isto porque o
contribuinte pode abater na declaração anual de ajuste do Imposto de Renda – IR
até 12% do valor anual das contribuições ao plano de benefícios
previdenciários. Analisando apenas esta regra, só compensa em termos
tributários fazer contribuições para planos de benefícios (quer seja de EFPC ou PGBL) em até 12% de sua renda bruta. A
desvantagem desse modelo de tributação (quer seja pela Tabela Progressiva, quer seja pela Tabela Regressiva) é que o pagamento
do IR é sobre o total acumulado e não sobre a rentabilidade obtida no plano.
Desta forma, a participação de planos de previdência pode ser mais compensadora
apenas para quem faz a declaração anual do IR no modelo completo. Destaca-se
que para os planos VGBL são cobrados impostos de renda de
forma definitiva apenas sobre a rentabilidade total obtida no plano, não sendo
permitido restituir o IR das contribuições vertidas ao plano.
Na
contramão da evolução da acumulação de recursos para aposentadoria via planos de
benefícios, quer sejam os planos administrados e operados pelas EFPC quer sejam
os planos de EAPC, estão as taxas cobradas: Taxa
de Carregamento e/ou Taxa de Administração, e nesse sentido
os que possuem menores taxas, dando preferência aos que possuem só taxa de
carregamento, devem ser os preferidos na escolha do plano a ser contratado.
Tendo
em mente a existência do incentivo tributário e as taxas de administração
(carregamento e/ou administração) cobradas para cobrir as despesas
administrativas dos planos, resta ainda a influência da acumulação de recursos
para aposentadoria, quer seja no efeito na acumulação recursos para planos de
Contribuição Definida – CD e Contribuição Variável – CV, quer seja no reflexo
de um menor custo e menor plano de custeio exigido e a rentabilidade obtida
durante o prazo de diferimento dado entre a data de ingresso no plano e a idade
de aposentadoria.
Considerando
os valores ínfimos a serem concedidos pela previdência pública (INSS) (o valor
médio de aposentadorias e pensões pagas pelo INSS é de menos de 2 salários
mínimos), nos resta programar uma aposentadoria complementar para aumentar a
nossa renda, fazendo frente à expectativa de vida crescente nas últimas
décadas. Se o brasileiro está vivendo mais, também está recebendo a
aposentadoria por mais tempo, então precisamos acumular mais recursos e, por
conseguinte, contribuir por mais tempo ou aumentar as contribuições ou a
rentabilidade dos planos de benefícios.
Faça o tempo jogar a seu favor: quanto mais cedo iniciar a contribuir,
menor será o esforço para acumular o valor necessário. No exemplo abaixo, uma
pessoa que quer acumular R$ 500 mil na previdência e tem 20 anos para
contribuir, precisa investir R$1.232 por mês durante esse período. Mas se ela
tiver apenas 10 anos para contribuir, precisa investir quase 2,63 vezes mais
para conseguir o mesmo valor. Com o tempo a favor, a
taxa de juros pode
fazer maravilhas. É a força dos juros sobre juros fazendo o trabalho pesado.
Fonte:
Cálculos do autor, com taxa de juros líquidos real de 5% a.a. e zero de
carregamento e taxa de administração, desprezado centavos.
Faça os
juros trabalharem: quanto maior a taxa de juros ou a rentabilidade liquida real
obtida pelo plano, menor será o esforço para acumular o valor necessário. No
mesmo exemplo acima alterando a taxa de juros de 5% para 6%, uma pessoa que
quer acumular R$ 500 mil na previdência e tem 20 anos para contribuir, precisa
investir R$1.103 por mês durante esse período. Mas se ela tiver apenas 10 anos
para contribuir, precisa investir quase 2,79 vezes mais para conseguir o mesmo
valor.
Fonte:
Cálculos do autor, com taxa de juros líquidos real de 6% a.a. e zero de
carregamento e taxa de administração, desprezado centavos.
Nesse sentido,
atualmente evidenciam-se aos tradicionais mecanismos para quem busca uma
proteção previdenciária, os pontos mais evidentes:
1.
Buscar e exigir menores taxas de carregamento e taxas de
administração;
2.
Dar preferência para taxa de carregamento em vez de taxa de
administração;
3.
Buscar iniciar as contribuições o mais cedo possível, de modo a
obter os benefícios dos juros compostos da acumulação; e,
4.
Acompanhar o seu fundo para que obtenha os melhores rendimentos
possíveis perante ao mercado e tendo performance superior aos demais
congêneres.
Como apresentado neste artigo, e sem a pretensão de esgotar a
discussão, uma vez que se abordou apenas uma linha simples de evolução do
problema, poderemos elencar outras tantas, conjugando as demais facetas que
integram este assunto, as quais muito contribuiriam para a melhoria nos planos
de benefícios previdenciários como vemos em uma importante contribuição no
artigo “A previdência complementar doamanhã”.
Cesar
Luiz Danieli – atuário é Diretor de Previdência, Saúde e Seguros da GAMA
Consultores Associados.
Fonte: GAMA Consultores
Associados