Segundo Albert Einstein, fazer a mesma coisa e esperar
um resultado diferente é sinal de loucura. Muitos políticos latino-americanos
devem ser loucos. Não faltam experiências com tabelamento de preços, mas alguma
bem sucedida nunca foi vista. Ainda assim, nossos políticos continuam tentando.
O desastre mais recente aconteceu na Venezuela de Nicolás Maduro. O governo
definiu um tabelamento de preços de produtos básicos.
Há dois tipos de consequências quando se faz um
tabelamento de preços. O primeiro, como foi o caso, quando o preço de
tabelamento está abaixo do que seria o preço definido pelo equilíbrio entre a
oferta e a procura pelo produto, ou seja, o preço definido pelo mercado. Se o
preço está mais barato do que deveria, todo mundo quer comprar o produto, mas
ninguém quer vendê-lo. Resultado? O produto some do mercado, as prateleiras
ficam vazias e quem não conseguiu comprar vai ficar sem o produto, como a falta
de comida nos supermercados da Venezuela deixa claro. No Brasil, vivemos muitas
vezes a mesma história em planos econômicos mal sucedidos na década de 80 e
primeira metade da década de 90.
Ocorre a situação oposta quando os preços são tabelados
acima do preço de mercado. É o que está acontecendo no Brasil com o tabelamento
dos fretes. Quando o preço tabelado é mais alto do que deveria ser, o produtor
ou prestador de serviço fica animado em vendê-lo, mas ninguém quer comprar o
produto ou serviço e o produtor ou prestador de serviço fica com o produto ou
serviço encalhado. Resultado? Mais uma vez, o tabelamento acaba prejudicando
tanto quem quer vender quanto quem quer comprar. No Brasil, o tabelamento do
frete foi feito com o objetivo de ajudar quem fazia o transporte, mas os está
deixando sem trabalho, a ponto de já surgirem fortes rumores de novas greves.
Em resumo, soluções mágicas dos nossos políticos
populistas nunca funcionam. Com as eleições batendo à porta, mais do que nunca,
é importante lembrar disso e não cair no canto das sereias políticas, que
prometem benesses sem custos. O Brasil tem solução, mas a solução requer não
apenas lisura e boas intenções, mas também seriedade e sacrifícios de todos
nós. Como é mais fácil se eleger prometendo tudo do que dizendo a verdade sobre
os sacrifícios necessários, os políticos latino-americanos insistem na loucura
de pregar as mesmas falsas soluções eternamente mal sucedidas. Resta saber se
os eleitores também sofrem da loucura de continuar votando em falsos salvadores da pátria e acabarem sempre arrependidos.
Espero que não.
Fonte: Ricardo Amorim