A era dos presidentes animadores de torcida
Espera-se que um
presidente governe para todos, buscando criar condições favoráveis para a
aprovação de medidas importantes no Congresso.
O ideal é que o líder seja capaz
de unir os brasileiros em torno de um projeto comum de país, para o qual todos
trabalhem juntos, na mesma direção.
No entanto, nos dois últimos governos no
Brasil, temos testemunhado uma dinâmica exatamente oposta a essa.
A polarização
extrema tem prevalecido, estimulada pelo Presidente, causando paralisação de
reformas fundamentais para enriquecer o Brasil e os brasileiros.
Nossos Presidentes
tornaram-se animadores de torcida, que nunca saem do palanque eleitoral.
Seus
discursos são exclusivamente voltados para mobilizar seus apoiadores mais
aguerridos, não para efetivamente definir uma agenda para o país.
Essa
abordagem cria um conflito permanente entre dois lados absolutamente opostos,
com os quais grande parte da população não se identifica.
Essa polarização
garante apoio irrestrito a ambos os lados de parcelas do eleitorado
relativamente pequenas em número, mas capazes de fazer um enorme barulho,
blindando seus líderes de qualquer escândalo que eles se vejam envolvidos.
Por
outro lado, ela tem impedido o avanço de reformas importantes e necessárias no
Congresso, uma vez que não há diálogo entre o Presidente e aqueles que não
compartilham exatamente de suas visões.
Sem diálogo e uma
busca de alguma unidade nacional, o país fica paralisado, incapaz de avançar em
áreas cruciais para o seu desenvolvimento.
Reformas econômicas, sociais e
políticas que poderiam impulsionar o crescimento e melhorar a qualidade de vida
dos brasileiros são adiadas ou simplesmente esquecidas.
Toda a população
brasileira paga a conta. Os impactos negativos da polarização afetam
diretamente a vida de cada cidadão.
A ausência de um projeto de país e o confronto
entre diferentes setores da sociedade impedem que sejam alcançadas soluções que
beneficiem a todos, quase como se o país estivesse em guerra civil.
O Brasil
precisa romper com essa realidade e buscar um caminho de colaboração.
É hora de romper
com a lógica do “nós versus eles”, que interessa a lideranças políticas, mas
não aos brasileiros e criar condições que favoreçam quem quer trabalhar em prol
do bem-estar coletivo e não de apenas um ou outro grupo de brasileiros.
Mais do
que nunca, o Brasil precisa de menos Estado e mais estadistas.
RICARDO AMORIM - presidente da Ricam Consultoria