Teremos uma vida longa após a
aposentadoria, faça planos para se manter útil e ativo.
Aposentadoria
assusta, tanto pela perspectiva da velhice quanto pela inatividade, deixar de
pertencer a um emprego ou empreendimento de uma vida inteira.
A
palavra aposentadoria deriva de pousar, do latim
“pausare”, “parar para descansar”. No sentido figurado, “que não é mais
utilizado”, “que perde a serventia”.
Talvez
o significado, pouco atraente, ajude a entender por que muitos se recusam a
pensar na aposentadoria e se preparar emocional e financeiramente para essa
fase da vida.
Nestes
tempos de pandemia, retomei o hábito saudável da leitura, sempre útil para
novos conhecimentos e reflexões. A inspiração para o artigo de hoje veio do
livro “Ikigai, os Segredos dos Japoneses para uma Vida Longa e Feliz”. Nele, os
autores Héctor García e Francesc Miralles relatam o estilo de vida dos japoneses centenários, que
ultrapassam a casa dos cem anos de idade ativos e satisfeitos até o fim da
vida.
O
conceito da palavra “ikigai”, uma junção de termos que significam “vida” e
“valer a pena”, parece ser uma das razões para a extraordinária longevidade dos
japoneses, sempre em busca de um propósito para sua existência.
Um
dos segredos dessa vida longeva e feliz, além da alimentação saudável e da prática de exercícios físicos, é o fato de que
eles não se aposentam, seguem trabalhando naquilo que gostam de fazer. Costumam
manter ao menos duas atividades ao longo da vida. Quando uma delas se esgota, a
outra se mantém.
Não
existe na língua japonesa uma palavra que signifique “aposentar-se”, no sentido
de retirar-se para sempre, como temos no Ocidente. Muitos se dedicam, por
exemplo, à horticultura, que, além de mantê-los ativos, fazendo o que gostam de
fazer, permitirá uma fonte de renda ou de troca, uma atividade que pode ser
mantida quando o vínculo de um trabalho formal deixar de existir.
Vamos
voltar para o tema da aposentadoria e tentar entender a negação em relação ao
assunto. Aposentadoria remete à velhice. Velhice remete à morte. Embora ambas
sejam naturais e façam parte da vida, não é prazeroso pensar nem em uma coisa
nem em outra.
Talvez
essa seja a razão pela qual muitos se recusam a pensar no assunto e preferem
seguir vivendo pensando no presente, dando pouca ou nenhuma atenção ao futuro.
Não
pensar na morte não altera a certeza de que morreremos um dia, só não sabemos
quando. Se planejamos a aposentadoria, podemos decidir como será nossa velhice,
como nos manteremos ativos, físico, mental e espiritualmente, nessa fase da
vida, como nos ensinam os longevos cidadãos japoneses, especialmente os
habitantes do povoado Ogimi, uma área rural de 3.000 habitantes da ilha de
Okinawa.
Ikigai
é um conceito japonês que, segundo um filósofo francês, pode ser entendido como
razão de ser, o ponto em que paixão, missão, vocação e profissão se encontram e
a chave para uma vida longa e feliz.
Um
dos segredos dos habitantes desse povoado é a sensação de pertencimento à
comunidade. Desde pequenos eles praticam o trabalho em equipe, que os ensina a
ajudar uns aos outros.
Os
tempos de pandemia e isolamento são perfeitos para refletirmos
sobre o nosso ikigai, propósito para acordar todas as manhãs com disposição e
alegria. E refletir como nossas atitudes e recursos podem ajudar a moldar o
mundo que queremos ver.
Marcia Dessen - planejadora financeira CFP (“Certified
Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu
Dinheiro”.
Fonte: coluna jornal FSP