Não
há sucesso sem público; e, para isso, só há um caminho, a comunicação
As novas gerações consomem mídia de um jeito muito
diferente das gerações que as antecederam. Isso não é novo. A essência do mundo
é mudar.
O diferente agora é o ritmo acelerado das mudanças.
Basta comparar o tempo que levou para imprensa, rádio e TV se expandirem pelo
mundo e o tempo muito menor que as mídias digitais levaram para chegar à
posição dominante de hoje entre os jovens.
Kylie Jenner é
uma das irmãs mais influentes do clã Kardashian. Em julho de 2017
a estrela
protagonizou um reality show próprio no canal E!
Se cultura, para boa parte da população adulta, continua
sendo livro, filme, novela, artes, imprensa e os profissionais que os produzem,
para novas gerações, o consumo de cultura está muito mais ligado a vídeos de
poucos minutos e uma personalidade digital no YouTube, no Instagram, no Twitter ou no TikTok. São plataformas livres, abertas e diversificadas.
E, por isso, muito mais capazes de criar conteúdo e audiência.
Podemos gostar ou não desse fenômeno, mas negá-lo é
querer tapar o sol com um bloqueador de sinal digital.
E não é só na cultura, mas nos negócios também.
Em 2008, aos 23 anos, Mark Zuckerberg tornou-se o
bilionário (não herdeiro) mais jovem do mundo. Ele não é exatamente uma estrela
das mídias digitais, mas o dono da maior delas, o Facebook, com mais de 2 bilhões de usuários —ele
é dono ainda do Instagram, do WhatsApp e de outras coisas que ainda nem
sabemos.
Já a bilionária (não herdeira) mais jovem do
mundo, Kylie Jenner, já é fruto da revolução digital
lançada por Zuckerberg e colegas do Vale do Silício. Por isso mesmo,
ela conseguiu alcançar o clube do bilhão aos 21 anos, ainda mais jovem do
que Zuckerberg.
Jenner montou uma máquina de fazer fama e dinheiro em
cima das redes sociais com um modelo de negócios exponencial tão moderno quanto
as mais inovadoras startups. O número de funcionários é proporcionalmente
inverso à sua imensa legião de seguidores (perto de 120 milhões). Ela começou a
ganhar fama cedo no reality de sua família, “Keeping up with the Kardashians”,
que estreou quando ela tinha dez anos.
Empreendedora nata, uma startup humana, Jenner abriu sua
empresa de cosméticos há quatro anos, investindo US$ 250 mil acumulados com a
carreira de modelo. Bombou sua marca (sua pessoa) nas redes, terceirizou a
produção e começou um negócio de maquiagem que, em 2018, faturou US$ 360
milhões.
Assim como Zuckerberg, ela prova que as novas
tecnologias podem produzir não só ódio e polarização mas também riqueza e
desenvolvimento. As ferramentas são novas, mas a lógica dos negócios, nem
tanto.
O ato principal da geração de riqueza tanto para
Zuckerberg quanto para Jenner foi a criação de um público cativo, uma audiência
imensa com a qual é possível se comunicar e fazer negócios imensos.
O que mudou e segue mudando são as formas e a velocidade
de construir essa audiência cativa. Jenner já tinha criado seu imenso público
antes de lançar seus produtos, como haviam feito Jane Fonda, Xuxa, Angélica e
outras celebridades empreendedoras.
O que vale para esses novos empreendedores vale para as
empresas, novas ou velhas: não há sucesso sem público. E, para conquistar esse
público, não bastam bons serviços e produtos. Van Gogh morreu na miséria. Para
criar seu público, só há um caminho: comunicação.
Na era da comunicação, empresas, organizações e
lideranças que precisam nutrir seus públicos têm ferramentas incríveis à
disposição. Mas a alta velocidade das mudanças pode dificultar o entendimento.
Os riscos são muitos.
Estabelecer as suas verdades e só depois estabelecer o
diálogo é um caminho seguro para seguir. Os aprendizados serão transformadores.
Os resultados, também.
Nizan
Guanaes - empreendedor, fundador do Grupo
ABC.
Fonte:
coluna jornal FSP