Quando
Thomas Jefferson declarou "a busca da Felicidade" como um direito inalienável
em seu rascunho da Declaração da Independência Americana, ele provavelmente não
esperava que um dia isso se tornasse uma disciplina acadêmica.
Especialistas do novo campo de estudos da felicidade descobriram
que as experiências tendem a tornar as pessoas mais felizes do que as posses.
Dois professores, Amit Bhattacharjee e Cassie Mogilner, elaboraram um estudo
para descobrir quais experiências tornam as pessoas mais felizes e por quê. O
que eles constataram repetidamente foi que, à medida que as pessoas envelhecem,
elas passam a desfrutar mais as experiências simples. Na verdade, com o passar
do tempo, a probabilidade de ficar contente com coisas do dia a dia se iguala
ao prazer de viagens exóticas ou refeições em restaurantes caros.
Os próprios pais de Bhattacharjee, imigrantes indianos, foram
objeto de estudo. Quando seu irmão mais novo entrou na faculdade, os dois
filhos enviaram aos pais vales para restaurantes e ingressos de teatro para que
pudessem desfrutar da nova liberdade. "O interesse deles foi zero",
disse Bhattacharjee em entrevista ao "The New York Times". "Eles
realmente apreciam as coisas simples."
Ele se deu conta de que o conceito de valor para seus pais era
diferente do que a sociedade de consumo lhe indicava.
Seu pai, Arun Bhattacharjee, 73, está aposentado há vários anos
e passa os dias lendo jornais e livros e passeando perto de sua casa em
Audubon, na Pensilvânia. Alguns prazeres de fato têm seu preço, mas isso não
significa adquirir bens. Muitos empresários estão promovendo a economia do
aluguel.
"Nosso código de valores mudou com uma geração mais
jovem", disse Jennifer Hyman, cofundadora e executiva-chefe da Rent the
Runway, onde vestidos de grife podem ser alugados por uma noite a um preço bem
abaixo do valor normal. "Estamos atualmente em um estado de espírito no
qual queremos adquirir mais experiências. Acabou a geração 'MTV Cribs' dos anos
90, do 'ostente quanto dinheiro você tem'."
Uma pesquisa recente indica um inesperado bolsão de felicidade:
pessoas com síndrome de Down podem vivenciar mais momentos felizes e de sucesso
do que muitas pessoas acreditam, noticiou o "Times", o que contraria
alguns conselhos para interromper a gestação desses bebês porque a vida deles
seria difícil.
Famílias com crianças portadoras da síndrome de Down mostram
níveis de bem-estar que superam aqueles de famílias com crianças com outros
tipos de deficiências, e às vezes se equivalem aos de famílias com filhos sem
deficiências, apontam os estudos. Essas características incluem menos divórcios
em comparação às famílias em geral, segundo o "Times".
Talvez o lugar para encontrar a verdadeira felicidade seja no
campo, como diz aos turistas uma cidade em dificuldades no vale do Hudson. New
Lebanon está se promovendo como um "museu vivo da vida americana rural
contemporânea", em um esforço para atrair turistas a uma região de
economia desaquecida, cerca de duas horas ao norte da cidade de Nova York.
Quem compra bilhetes para o roteiro "Veja! New
Lebanon" vê a cultura rural de perto, com passeios por fazendas,
florestas, currais e uma pista de corrida.
Colby Gail, dono da Fazenda Climbing Tree, cria porcos da raça
rara Mulefoot, que se alimentam de larvas em madeiras, nozes e outros alimentos
silvestres. Ele assume o papel de guia das delícias da vida no campo.
Gail, 34, considera seus porcos de raça -felizes, saudáveis,
rijos, com 180 kg cada um- como um projeto artístico. "Fazemos um grande
esforço adicional para criar algo bonito", disse.
Tom Brady –jornalista do New York Times
Fonte:
suplemento NYT do jornal FSP