Nos
últimos dias, assistimos a diversos episódios que desafiam a Governança
Corporativa e, sobretudo, a sua credibilidade.
Neste
contexto, estou considerando os fundamentos e todos os conceitos que envolvem a
Governança, como compliance, controles internos e integridade.
Como
já se falou muito de muita coisa, gostaria de usar este espaço para falar um
pouco de integridade.
A
começar pela própria definição do termo e a maneira como o interpretamos no
universo corporativo.
De
forma geral, entende-se como integridade o estado ou característica daquilo que
é inteiro, que não sofreu diminuição.
Por
outro lado, diz-se que a integridade de uma pessoa pode ser descrita como
honradez, designando uma atitude de plenitude moral.
Nas
questões organizacionais, define-se integridade como um conjunto de medidas que
visa prevenir, detectar e remediar a ocorrência de desvios, tais como fraude e
corrupção, entre outros, atendendo também a princípios de transparência e
prestação de contas.
Ora,
ao nos colocarmos na posição de consumidores ou de “minoritários”, podemos
observar que a coisa não funciona da forma como está escrito. Integridade virou
mais um produto de consumo ou, o que é pior, de propaganda. Todas as
organizações se dizem íntegras, várias têm programas de integridade, mas poucas,
muito poucas, abrem mão de algum lucro em nome da integridade.
Tudo
é permitido em nome dos resultados.
E essa responsabilidade é transferida para
os consumidores, como se estivesse sendo dito: “Mas você esperava mesmo que eu
cumprisse com as minhas promessas?
Não percebe que assim eu teria prejuízo? Ou
você é muito ingênuo ou um total alienado.”
Talvez
essa lógica não tenha sido expressa, ainda, com essa crueza, mas certamente
está na mensagem implícita nos textos gravados ou nas mensagens robotizadas.
Na
medida em que nossa cultura subjuga questões de ética e integridade ao sucesso,
ao resultado, à glória das fortunas acumuladas, corremos o risco de ficarmos
fazendo papel de ingênuo ou alienado ao continuarmos a defender esses
princípios.
Nesses
termos, a eventual “perda de imagem” também é minimizada, pois o descumprimento
do estabelecido é geral e é respaldado em frases como “mas o nosso processo
determina isso”.
Evidentemente, o tal processo é escrito e reescrito
sempre para a busca do melhor resultado, ainda que os desvios a serem
combatidos sofram algumas agressões.
Abrimos
mão com tanta facilidade dos conceitos de integridade que este item não é mais
valorizado como um diferencial de mercado.
O que vale é apenas a melhor
propaganda da adoção do princípio da integridade. E a venda da ideia e da
cultura de que não é razoável se abrir mão do lucro para atender a princípios
etéreos de ética.
E
aí, me lembro e encerro esse texto com uma frase inspirada e inspiradora de
Sérgio Porto, o imortal Stanislaw Ponte Preta: “Ou restaura-se a moralidade, ou
locupletemo-nos todos”.
Tomara
que eu esteja totalmente equivocado.
O
que você acha?
LUIZ FELIX FREITAS - Sócio da KOLME DESENVOLV. EMPRESARIAL Prof, e
Consultor Prev. Complementar, Conselheiro Fiscal do IDG, Membro da Comissão
Governança Compliance e Integridade do CRA RJ