Vivemos num tempo curioso.
Convivo com jovens na escola em que dou aula, com executivos e empreendedores.
Percebo nos jovens, principalmente os empreendedores, aquela vontade de fazer
alguma coisa útil, que ajude as pessoas e a sociedade de alguma maneira.
Por
serem jovens e ainda acreditarem que o mundo pode ser diferente e que o modus
operandi pode ser modificado (ainda bem!), a vontade de mudar e fazer algo novo
é maior do que o receio de que não dê certo.
Tenho
escutado com mais frequência, apesar da crise, que vale a pena trocar uma
empresa que oferece garantias e estabilidade por outras como start-ups, que
oferecem perspectiva de crescimento, embora haja riscos do negócio não dar
certo.
Na
verdade, esses jovens entram nesse barco querendo que dê certo. Eles se empenham,
se dedicam e não perderam a capacidade de acreditar que pode ser diferente.
Eles são motivados pela esperança, pela perspectiva, pela vontade de fazer, de
construir.
O que
já não acontece com profissionais seniores, que parecem não acreditar mais que
mudanças podem acontecer de fato. Os conselhos administrativos deveriam incluir
jovens e profissionais de áreas diversas, permitindo que ideias novas possam
surgir e, desse modo, se renovarem.
Fui,
por assim dizer, madrinha de algumas start-ups que estão, depois de três anos
em média, começando a dar os primeiros retornos financeiros. Perguntei a um
desses empreendedores: "já pensou se alguém quiser comprar sua empresa? O
que você faria se aparecesse alguém para comprar?"
A
resposta demorou um pouco. Percebi que foi pego de surpresa e seu olhar revelou
que não havia interesse nessa ideia. A resposta: "eu não venderia. É como
um filho. Eu quero ver ele crescer. Tem sido um grande investimento".
São as
ideias, os desafios e as perspectivas que movem as pessoas. A ideia de que é
possível fazer algo novo, diferente, importante, que faça sentido. É essa busca
que motiva, que mantém o entusiasmo, apesar das dificuldades. É o sonho que faz
as pessoas agirem. Quais são os seus?
Adriana Gomes: mestre em psicologia, coordena o Núcleo de Estudos e Negócios
em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM.
Fonte: caderno
equilíbrio do jornal FSP