Aristóteles,
o Grande
O general Alexandre, de quem
Aristóteles era coach, era CEO.
Decidi, em minha resolução de fim de ano, ler um
livro por semana. Não é muito. Fernando Pessoa, a certa altura da vida, lia
dois por dia. Bill Gates lê mais de dez num mês.
Sempre
gostei de ler. Fui na infância um menino gordinho atracado num livro. E devo
aos livros o criativo que sou.
Devorei
nas férias “Positive Bias”, o livro do pensamento do Lubavitcher Rebbe, que me
fez dormir e acordar melhor.
Li também o livro de Kai-Fu Lee sobre inteligência
artificial, que me fez abrir os olhos e perder o sono.
Passei minhas tardes em
Trancoso a rir do delicioso thriller-comédia de Luis Fernando Veríssimo “O
Clube dos Anjos”.
O ator Colin Farrell em cena do filme épico
'Alexandre' do diretor Oliver Stone -
Mas
o que mais me marcou foi o esplêndido “Aristotle’s Way”, de Edith Hall, com o
sugestivo subtítulo: “Como a sabedoria da Antiguidade pode mudar a sua vida”.
Edith é professora do King’s College de Londres e uma das maiores classicistas
do Reino Unido.
Flavia
Camparini, minha “coach” de reinvenção, disse que há na Itália um curso no qual
os CEOs aprendem sobre o futuro aprendendo sobre o passado.
Além de ser o maior
pensador e filósofo de seu tempo, Aristóteles foi contratado pelo rei da
Macedônia Felipe 2º como “coach” de seu filho Alexandre, para ensiná-lo a ser
Alexandre, o Grande.
E
Aristóteles não foi só um homem de seu tempo. Ele foi também um homem do nosso
tempo. Sua sabedoria pode ser usada para transformar as nossas vidas hoje.
Aristóteles
diz de maneira clara que o objetivo e o sentido da vida é atingir a felicidade.
O dalai-lama, a quem tenho meditado de manhã, diz a mesma coisa.
A
Constituição americana, desenhada por Thomas Jefferson, afirma categoricamente
que todos têm o direito inalienável à vida, à liberdade e à busca da
felicidade.
E Jefferson foi muito influenciado pelo pensamento aristotélico.
Como
esta coluna não é uma coluna de autoajuda, e este é um caderno voltado
para CEOs e líderes empresariais (ou homens e mulheres que querem
construir impérios), é importante lembrar que Alexandre, o Grande, de quem
Aristóteles era “coach”, criou o maior império de seu
tempo. Chief Executive Officer é uma nomenclatura que vem do Exército.
O
general Alexandre era CEO.
Aristóteles
ensinou Alexandre a tomar decisões, a cuidar do uso da retórica, a conhecer a
si mesmo.
E
ensinou tudo isso ao seu discípulo mostrando de maneira muito clara como
definir um problema.
Ele não fazia o que se chamou pejorativamente de “vã
filosofia”. Ele criou fórmulas, instruções e regras para tomar decisões.
Que
servem a governantes,CEOs, executivos e tomadores de decisão em geral. E que
podem transformar suas vidas.
O
filósofo-educador americano John Dewey, também muito influenciado por
Aristóteles, dizia que um problema bem definido é um problema 50% bem
resolvido.
Vou repetir: um problema bem definido é um problema 50% bem
resolvido.
Isso
serve para as empresas e isso serve para as nossas vidas pessoais.
Aconselho
o livro “Aristotle’s Way”, de Edith Hall, para empresários, para CEOs e para
todas as pessoas.
E
que usem Aristóteles para alcançar a felicidade, atingir um propósito maior,
definir bem uma nação ou construir um império.
Mas
que fique absolutamente claro, como diz a ONU, ao criar o Dia Internacional da
Felicidade, o dia 20 de março, que a medição da felicidade passa pelo fim da
pobreza, a redução da desigualdade e a proteção do planeta.
Parece
Greta, mas no fundo é Aristóteles, o Grande.
Nizan Guanaes - empreendedor, fundador do Grupo ABC.
Fonte: coluna jornal FSP