A "infidelidade financeira" é um dos
temas mais controversos das finanças pessoais. Saiba como identificar.
O tema “infidelidade financeira” é recorrente aqui
no blog, e é um dos assuntos que mais dão “pano pra manga” no universo das
finanças pessoais. Para quem ainda não teve contato com o tema, sugiro dois
artigos que foram publicados no blog: Um em 2012 (Você é “financeiramente infiel”?)
e outro em 2013 (Erros financeiros que os casais cometem).
A infidelidade financeira é quando, num casal, os
cônjuges escondem informações financeiras um do outro. Tanto podem ser
informações referentes a gastos (compras escondidas, endividamento etc.) quanto
a dinheiro sobrando (reservas financeiras e investimentos “ocultos”).
A infidelidade financeira é algo sempre ruim (pois
envolve uma “fissura” na confiança do casal) e, muitas vezes, acaba sendo
precursora de outros tipos de infidelidade. Mas existem muitos casos em que a
infidelidade financeira é “bem intencionada” (quando um dos cônjuges, sabendo
que o parceiro ou parceira é completamente “porra louca” com dinheiro, faz uma
reserva financeira escondida para o caso de alguma emergência). Porém, como diz
aquele velho provérbio, “o caminho para o inferno é pavimentado com boas
intenções” – mesmo quando a infidelidade é cometida com pureza de intenção,
demonstra que há uma fraqueza na confiança mútua do casal.
Mas vamos ver alguns sinais que indicam uma
possível infidelidade financeira “em andamento”:
1-Encontrar extratos de contas e cartões que você
não conhece
Naturalmente, muitos casais optam por uma total
separação de contas. Quando essa separação é total, explícita e consentida, não
há o que falar. Porém, quando um casal gere as finanças de forma conjunta e
essas “novidades” aparecem, fica bastante óbvio que um dos cônjuges está
querendo conduzir operações financeiras com mais “privacidade”.
2-Preocupações súbitas com dinheiro
Quando um dos cônjuges começa a demonstrar
excessiva preocupação com dinheiro, sem motivo aparente (não houve uma perda de
renda ou nenhum evento que envolva grande desembolso), isso é um sinal
suspeito.
Porém, é importante não confundir “paranoia” com o
desejo de controlar, planejar e conhecer as contas. O fato de um cônjuge
começar a analisar extratos bancários e procurar entender melhor os gastos é
uma coisa positiva, e não negativa. A preocupação excessiva e o comportamento
obsessivo é que indicam algo suspeito
3-Generosidade financeira “gratuita”
Aqui um ponto difícil de “trabalhar”, pois
cônjuges, de uma forma geral, adoram ganhar “mimos” e ficam felizes com
arroubos de generosidade. Porém, quando não há uma origem financeira conhecida
para aqueles recursos e o cônjuge “mão aberta” não dá nenhuma pista sobre a
fonte dessa “riqueza repentina”, é o caso de se investigar um pouco melhor.
O mesmo vale quando o cônjuge está sendo altamente
generoso não com você, mas consigo próprio, fazendo compras e participando de
atividades incompatíveis com o nível de renda.
4-Interesse repentino em proteção patrimonial
Este é um sinal clássico, especialmente para casais
de alta renda. Um dos cônjuges, sem razão aparente (associada aos negócios),
começa a se interessar por proteção patrimonial e passa a estudar coisas como
movimentação de patrimônio, investimentos offshore e o uso de fundos e
instrumentos de previdência com objetivo de proteção patrimonial.
Proteção patrimonial é uma coisa boa e importante,
especialmente para famílias de alta renda e alto patrimônio. Mas quando esse
interesse surge de forma unilateral e é tratado “às escondidas”, isso
frequentemente indica preparativos para um divórcio em que um dos cônjuges
pretende manter a maior parte do patrimônio para si.
A lista de sinais é praticamente infinita e os mais
“óbvios” já foram explorados em artigos anteriores, mas este é um tema que
sempre precisa ser trazido à tona periodicamente, por conta de seu alto
potencial destrutivo e disruptivo na vida de uma família.
André Massaro - Escritor, palestrante,
consultor financeiro