Já há algum tempo, a cidade
aderiu à moda dos food trucks, aqueles pequenos caminhões que servem comida,
geralmente preparada com certo requinte e sofisticação, estacionados em lugares
pré-determinados pela prefeitura.
A pergunta que todos fazem é:
até quando vai durar isso? Será algo passageiro ou veio para ficar? Vale a pena
montar um?
A grande vantagem desse modelo
é que você consegue testar uma ideia de negócio gastando bem menos dinheiro do
que se tivesse que abrir um restaurante. E se essa ideia der errado, você vai
perder menos dinheiro também. O food truck nada mais é do que um "produto
minimamente viável", para falar na linguagem de negócios.
A partir das interações e de
feedback dos clientes, o proprietário vai aprimorando seus produtos até chegar
à versão mais adequada à sua clientela.
Atingido o resultado, ou seja,
um produto aprovado pelos clientes, qual o próximo passo? A ideia é que o food
truck seja muito mais um meio do que um fim.
Agora, para crescer, você terá
que obter economias de escala. Esse é um conceito muito importante em
empreendedorismo. Ao aumentar a quantidade de produtos produzidos, o custo
deles diminui. Por exemplo, se eu gasto R$ 10 para fazer um bolo, ao fazer dez
bolos gasto menos de R$ 100, já que posso assar vários juntos para economizar
gás, por exemplo.
Para consegui-la, há alguns
caminhos. Você pode seguir o modelo e aumentar o número de food trucks da
marca. Essa medida envolve alguns riscos, dado que há fortes restrições em
relação aos lugares em que eles podem atuar.
Dependendo do tipo de produto
comercializado, pode-se abrir um restaurante convencional.
Se der certo, o negócio pode
ser escalado por meio de uma rede de franquias ou uma cadeia de restaurantes.
Mas, para isso, não se pode trabalhar com produtos muito sofisticados e de
difícil padronização, que prejudicam a aplicação do modelo em rede.
Só não vale aplicar o raio
gourmetizador em produtos convencionais, como vender tapioca a R$ 25.
A inovação tem que ser a regra,
nem que seja algo que já exista em outros países, mas que ainda seja novo para
os brasileiros.
Tales Andreassi - é professor e vice-diretor
da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP.