Alguns idosos mantém o desempenho do cérebro, apesar da idade e são capazes de se equiparar a jovens. E para descobrir o que está por trás desses super-velhos, um grupo de pesquisadores ligados ao Massachusetts General Hospital e à Northeastern University, conduziu um estudo examinando o cérebro e o desempenho cognitivo de dois grupos: 41 adultos jovens entre 18 e 35 anos e 40 adultos entre 60 e 80 anos, todos da área da grande Boston.
A pesquisa publicada no Journal of Neuroscience mostrou que alguns velhos com memória juvenil tem uma conectividade funcional mais forte entre várias redes que compõem o cérebro.
O estudo foi liderado pelas doutora Alexandra Touroutoglou, do Departamento de Neurologia,do Massachusetts General Hospital, Lisa Feldman Barrett, do Departamento de Psicologia da Northeastern University e pelo doutor Bradford C. Dickerson, da Unidade de Desordens Frontotemporais do Masssachusetts General Hospital.
Este é o segundo de uma série de três estudos realizados para desvendar o segredo de algo que os pesquisadores já sabiam: que alguns idosos funcionam tão bem, cognitivamente, quanto pessoas muito mais jovens. No primeiro estudo ficou claro que o cérebro desses super-velhos é maior em certas áreas importantes para processos relacionados com a memória, incluindo aprendizado, armazenamento e recuperação de informações.
Normalmente, com o envelhecimento, a comunicação entre as várias regiões é interrompida. Mas há exceções. E foi atrás delas que os cientistas investigaram dois grupos de adultos com idades bem diferentes.
Com o auxílio de imagens de ressonância magnética verificaram a sincronização das ondas cerebrais no modo padrão (DMN) e em estado de repouso e constataram que super-velhos tinham um volume do hipocampo preservado e partes do córtex cerebral mais espesso que os “normais”.
Submetidos a um teste de memorização verbal conhecido como California Verbal Learning Test (CVLT), os super-velhos apresentaram performance similar a de homens e mulheres com 25 anos de idade em média e lembraram de 14 palavras, quando pessoas em torno dos 75 anos não costumam ultrapassar as nove palavras.
A expectativa dos cientistas é desenvolver biomarcadores de sucesso do envelhecimento. Querem ainda descobrir se esse pessoal parte de um patamar cerebral mais desenvolvido ou são de algum modo, mais resistentes ao declínio usual da idade. As próximas pesquisas deverão medir os efeitos da genética, mas também os reflexos de exercícios, dieta, sociabilidade etc. E já estimam que o resultado não será uma pílula miraculosa, mas recomendações sobre estilo de vida.
Existe a convicção entre os cientistas de que é possível manter o cérebro jovem por mais tempo, com educação e exercícios cognitivos – mal comparando, como os atletas fazem com seus músculos. Mas o exercício físico traz vantagens e dietas também cumprem um papel.
Paulo Markun – jornalista
Fonte: coluna jornal FSP