Pague menos para ganhar mais
Não está contente com a rentabilidade do seu fundo de investimento? Ele não é ruim, é caro!

Muita gente me pergunta se a decisão de investir no fundo A, B ou C foi acertada. Na hora de investir, se preocupam, quando o fazem, com a política de investimento, que indica se o fundo investe em taxa de juros pré ou pós-fixada e se títulos atrelados a índices de inflação fazem parte da carteira, além de ações e ativos no exterior.

Antes de responder, investigo se o fundo é adequado ao perfil de risco e aos objetivos do investidor e pergunto qual a taxa de administração. Na maioria das vezes, o investidor não sabe quanto paga para investir, revelando que deu pouca ou nenhuma importância a essa informação.

Para demonstrar a importância crucial dessa variável, vamos imaginar três fundos de investimento com a mesma política de investimento, três fundos de renda fixa DI, que entregam ao investidor a mesma rentabilidade bruta de 100% do CDI antes da cobrança da taxa de administração.

A taxa de juros básica da economia é 6,75% ao ano, equivalente a 0,55% ao mês, rentabilidade bruta dos três fundos DI. O fundo A cobra taxa de administração de 0,50% ao ano; o fundo B cobra 1%, e o fundo C, 2%.

A rentabilidade anual líquida da taxa de administração, mas ainda bruta em relação ao Imposto de Renda, será, respectivamente, 6,25% (0,51% ao mês), 5,75% (0,47% ao mês) e 4,75% (0,39% ao mês).

Vamos transformar esses percentuais em números absolutos e calcular, de forma simplificada, o valor de resgate de uma aplicação de R$ 100 mil ao término de cinco anos (60 meses), supondo taxa 
de juros estável nesse período.

A rentabilidade bruta dos três fundos, antes da cobrança da taxa de administração, será a mesma: R$ 138.971. Após a cobrança da taxa, o cotista do fundo A receberá R$ 135.692; o cotista do fundo B terá R$ 132.490, e o do fundo C, R$ 126.306.

A receita do administrador do fundo, que prestou exatamente o mesmo serviço para os três investidores, será de R$ 3.279 no caso do fundo A, R$ 6.481 no fundo B e R$ 12.665 no fundo C. Esse é o valor que cada um dos investidores pagou pela administração e gestão do fundo.

Já reparou que o extrato dos investimentos costuma medir o desempenho dos fundos em termos relativos a um parâmetro de referência? Supondo a taxa do CDI de 6,75% ao ano, a rentabilidade relativa dos três fundos será, respectivamente, 92%, 85% e 70%.

Observe como a rentabilidade relativa do fundo C se distancia do parâmetro. E a única razão que explica essa distância é a taxa de administração. O fundo C não é pior do que o fundo A ou B, ele é mais caro. Tão caro que perde até para a rentabilidade dos depósitos em poupança!

O fundo que cobra taxa de administração de 2% ao ano, nas premissas dessa simulação, entrega rentabilidade bruta de 70% do CDI. Depois de pagar Imposto de Renda, a rentabilidade líquida será inferior à da poupança, que paga o mesmo percentual, porém isenta de IR.

Há evidências de que os investidores estão mais atentos. O custo de investir em títulos públicos (Tesouro Direto) é de 0,30% ao ano, se a intermediação for feita por corretora que não cobra corretagem. A maioria das operações realizadas é de até R$ 5.000, revelando grande presença de pequenos investidores, exatamente os que não encontram rentabilidade competitiva nas instituições financeiras.

Importante notar que os fundos abertos nos últimos meses cobram taxas menores do que os fundos mais antigos, criados em outro contexto macroeconômico. Quanto você paga de taxa de administração no fundo ou plano de previdência em que investe? Vale a pena conferir e migrar para um produto com taxa menor, na mesma ou em outra instituição financeira.

Marcia Dessen - planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora de 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'.

Fonte: coluna jornal FSP

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