A próxima geração da tecnologia em
comunicação no escritório
A maioria dos trabalhadores do conhecimento em 2020
está familiarizada com as ferramentas de realidade mista como Zoom, Teams e
Slack, que lhes permitem o encontro em locais virtuais.
Ao combinar o mundo
virtual e o mundo real para criar novos ambientes, os funcionários que contavam
com interações presenciais no escritório até nove meses atrás agora se
encontram em ilhas tropicais virtuais, “ficam em pé” de maneira virtual em
frente a apresentações transmitidas para o mundo todo, ou mantêm um espírito de
equipe, com brincadeiras, usando GIFs e emojis oportunos inseridos nas
mensagens do dia a dia de trabalho.
Contudo, essas experiências são somente a ponta do
iceberg da oferta de realidade mista.
As tecnologias da realidade aumentada se
tornaram presentes na oferta de produtos, em linhas de montagem, e até em
cirurgias.
Atualmente, com 42 por cento dos americanos que trabalham período
integral exercendo suas funções a partir de casa por um certo período de tempo,
à medida que a pandemia persiste, novas formas de tecnologias em realidade
mista estão criando substitutos virtuais convencionais para os escritórios e
redefinindo o futuro do trabalho nesse processo.
Essas utilizações da realidade mista podem auxiliar
as empresas a cortar gastos e impulsionar as receitas.
Muitas empresas com quem
trabalhamos as estão utilizando para reduzir a área real de atividade do
escritório para cerca de 1/3 em média e para estimular os funcionários remotos,
muitos dos quais já estão produzindo mais enquanto trabalham de casa, sem ter
de se deslocar.
Em longo prazo, as empresas vão utilizar a
realidade mista para criar condições para a colaboração e inovação remotas, que
são tão boas quanto – ou até melhores do que – presencialmente.
Abaixo estão
três áreas importantes onde vemos versões prematuras do que poderiam ser
chamados de “colaboratórios” multidimensionais que estão aprimorando a
produtividade e a colaboração do trabalhador do conhecimento.
Escritórios Virtuais
Há cerca de dez anos antes de a pandemia surgir, os
pioneiros em tecnologia começaram a utilizar “portais” de vídeo em telas amplas
para conectar os escritórios-satélites, dentro do mundo de cada um, por meio de
informações transmitidas em vídeos informais ininterruptos.
Conforme a
tecnologia evoluía, as grandes empresas começaram a fazer, virtualmente, testes
com seus vizinhos, para manter suas equipes conectadas em nível mundial.
A razão: quando os membros da equipe, distribuídos,
não podiam visualizar um ao outro, eles se sentiam desconectados e isolados.
A
falta de encontros ocasionais afetou não somente o moral, como também a
habilidade de colaborar e inovar.
Agora, equipes em algumas das maiores empresas de
serviços financeiros e de varejo se encontram em escritórios virtuais, usando
programas de realidade mista como o Sneek e o Pukkateam.
Essas ações geram um
sentimento de união ao mostrar os colegas em quadrados com fotos atualizadas
periodicamente, para que eles saibam quem está à mesa, falando ao telefone,
tomando um café, ou até disponível para bater um papo.
Com o clique do mouse, os colegas de equipe podem
passar de uma foto para uma ligação por vídeo, não precisando se preocupar em
agendar videoconferências.
Enquanto isso, as mensagens de bate-papo com grande
presença de emojis, atualização de status (“preciso conectar
meu filho à aula”) e brincadeiras feitas com o uso de GIFs mantêm o clima
descontraído, amistoso e aberto. Para as equipes que preferem não mostrar a
imagem real ao longo do dia, outros programas, como o Sococo, contam com
avatares para unir os funcionários de vários continentes em escritórios
virtuais ilustrados e completos com salas de conferência, salas de espera e
copa.
Grupos Focais Virtuais
A demanda também está aumentando para grupos focais
virtuais equipados com inteligência artificial, permitindo às empresas irem
além do que é possível em salas físicas de conferência.
Os ambientes virtuais
criados por plataformas como Remesh possibilitam às empresas tirar proveito dos
tipos de insights extraídos de grupos focais pequenos, mas em
escala massiva de pesquisa digital, sem o inconveniente de somente capturar uma
avaliação unilateral.
As empresas utilizam essas plataformas para
pesquisas de mercado; elas coletam e sintetizam as opiniões anônimas sobre um
assunto ou o conceito de um novo produto com até mil participantes.
Equipados
com inteligência artificial e um mecanismo de aprovação que agrupa e agrega as
respostas, os facilitadores podem atuar e adaptar a discussão em tempo real,
para explorar as ideias conforme elas surgem.
O anonimato e a escala da plataforma online permitem
que os gestores ouçam mais pessoas, inclusive aquelas que, em geral, não se
pronunciam pessoalmente.
Mais funcionários participaram à medida que os colegas
avaliavam as observações reciprocamente. Um participante disse que “nunca havia
sentido que dariam ouvidos a isso”.
Os dados quantificáveis, as citações e os
temas proporcionados pelo motor da inteligência artificial da plataforma
mostraram que um comportamento inadequado não estava restrito a áreas da
empresa, convencendo a equipe de liderança do banco a se comprometer a melhorar
a diversidade e a inclusão.
Colaboração Virtual
Por fim, as empresas estão recorrendo a ambientes
com realidade mista como uma solução para a execução de projetos e o brainstorming em
inovações.
Quando a pandemia chegou, muitas empresas foram forçadas a
interromper projetos e P&D por não terem como reunir as pessoas envolvidas
de forma presencial.
Algumas, no entanto, não hesitaram e recorreram a
ferramentas de colaboração, como lembretes online, quadros brancos
digitais compartilhados e coedição em tempo real de wikis, slides,
e documentos, a fim de unir as pessoas.
Um banco com o qual trabalhamos entre
os meses de junho e setembro deste ano, por exemplo, descobriu que poderia
desenhar e lançar uma nova linha de produtos e negócios em um ambiente virtual
da mesma maneira – e numa fração de tempo – que havia feito um ano antes para
outro produto, quando trouxe pessoas para fazer um brainstorming presencialmente.
A razão mais importante desse sucesso foi que a
combinação de vídeo, voz, chat e ferramentas de colaboração geraram mais
oportunidades para que todos os membros da equipe pudessem dar sua contribuição
em vez de serem abafados por vozes mais altas ou uma presença obrigatória – ou
por apenas perderem a reunião por não conseguirem chegar a tempo.
Com uma
presença maior na sala virtual, as equipes puderam reconhecer as melhores e
mais holísticas soluções de uma forma que, simplesmente, não acontecia antes.
Mais ideias foram compartilhadas e revisadas,
simultaneamente, em ferramentas multieditoriais de colaboração, do que se todos
tivessem de recorrer a um facilitador em pessoa numa lousa colaborativa.
Os
resultados apresentados eram digitais e formatados instantaneamente, assim
poderiam ser utilizados em relatórios e documentos – ao contrário de uma foto
criptografada em um quadro branco.
Os campos da realidade mista
Estamos somente começando a ver como será o futuro
do trabalho em realidade mista. Há um ano, ninguém acreditava que
trabalharíamos de casa na proporção em que estamos no momento.
Ainda assim,
praticamente cada empresa grande com quem conversamos está pedindo por
inovações a fim de transformar o trabalho virtual em algo sustentavelmente
produtivo.
Isto irá nortear a nova onda da realidade mista, com soluções como
as ferramentas de inteligência artificial, que criam rotações otimizadas de
encontros inesperados entre as equipes e funções; quadros inteligentes para
casa com valor acessível e grandes painéis multi-monitores que irão transferir
a colaboração virtual da tela do laptop para um modo imersivo
de tela cheia; impressoras 3D que permitirão às equipes de design testarem
protótipos no mundo inteiro, saídos dos seus home offices e,
para o que não pode ser produzido em casa, entregas rápidas em toda a cidade,
feitas por drones, como comidinhas, vinho e kits de
pinturas para o happy hour virtual.
Como as chamadas granulares via Skype em 2010, que
antecederam a alta do Zoom atualmente, as tecnologias de realidade mista –
popular nos dias de hoje – estarão facilmente ultrapassadas em um futuro
próximo.
Daqui a dez anos, olharemos para o grupo de escritórios virtuais,
grupos focais e ferramentas de colaboração com o mesmo desdém que temos agora
para com as chamadas telefônicas de má qualidade.
Ethan Murray -
sócio da divisão digital da Oliver Wyman e integrante da força-tarefa da
empresa no escritório pós-Covid e no trabalho remoto.