Lifelong learning: aproprie-se da sua jornada de aprendizagem e intensifique a vida


1. Ao contrário do que muitos acreditam, Informação não é Ouro. O Ouro é a aplicação e geração da mesmo em Valor agregado.

A Cultura Educacional Brasileira está presa no passado. Refém da sua própria bolha ideológica, ainda acredita que é o Ser Superior do conteudismo, fixando-se como a única e poderosa transmissora de Informação aos seus alunos, normalmente categorizados como “desprovidos de conhecimento”. 

Adoram definir o que os aprendizes precisam saber, sempre se considerando como donos do conhecimento de valor absoluto.

Como saber se está nesse tipo de instituição? 

Pergunte se um aluno de uma Escola ou mesmo de um MBA pode questionar o valor da informação que está recebendo? Ele pode definir o seu próprio conteúdo? Pode interrogar abertamente, na frente do professor ou coordenador, a aplicabilidade do conhecimento recebido? 

Os alunos sabem quais professores têm experiência e profundidade no assunto e quais são aqueles que apenas leram 02 ou 03 livros sobre um tema e estão repassando informações de forma rasa e pasteurizada. Eles também sabem quais são os professores que responderão de forma clara e assertiva o que precisam fazer para realizar com efetividade os novos projetos dentro de suas organizações.

Você se sente à vontade para comunicar no fim da aula que a informação recebida está completamente desconectada com suas necessidades reais e urgente, já repetidamente informadas? Ou espera o final do semestre para tomar essa decisão? Considera que o professor ou Instituição estão 100% preparados para reformularem seu mindset e metodologias para te ajudar a aprender o que realmente precisa para solucionar seus problemas pessoas e profissionais?

 Por exemplo: um aluno entra no primeiro semestre do MBA desejando saber “como” aplicar Gestão da Mudança ou Cultura Inovadora no seu ambiente de trabalho e descobre que a matéria acontecerá somente no terceiro semestre. Ele pode pedir para a Instituição ou professor antecipar esse conhecimento? Você já sabe a resposta. Ele será obrigado esperar até o terceiro semestre. O que fazer com a necessidade emergencial e singular deste aluno?

Enquanto isso, no Mundo Real, qualquer profissional ou empreendedor sabe que o valor do Conhecimento não está na informação e sim na sua capacidade de aplicação e geração de uma 

“Proposta Única de Valor”. 

O Valor não é absoluto e sim relativo, onde o que desejamos são profissionais do conhecimento que possam entregar o que prometeram, que tenham desempenho superior, ética e que saibam produzir Inovação nesse exato momento. Não somente conhecer, mas produzir e inovar a partir do conhecimento assimilado e aplicado no aqui-agora. 

Quando você pede comida pelo aplicativo e ela demora para chegar ou não entregam uma parte do que pediu, você exige que o restaurante corrija o erro imediatamente. Quando a empresa contrata um profissional com um CV impecável, com todos os títulos esperados, mas no dia-a-dia ele desempenha muito abaixo do esperado, entrega extremamente mediana, ela não tolera essa discrepância de performance e entrega. 

Em ambos os casos, sabem o que precisa ser feito, mas não entregam esse conhecimento no momento da verdade. Não estão prontos para atuar e gerar valor no Mundo Real e Complexo.

2. Você aprende só para saber mais ou para realizar e inovar melhor?

Os melhores profissionais estão buscando conhecimento procedural para se atualizarem. Conhecimento sobre “como realizar e inovar melhor”. Suas oportunidades de destaque estão focadas na capacidade de aprender a fazer, aplicar, praticar, incorporar, entregar e gerar valor continuamente. Não é à toa que o Google declara que o tipo de informação mais procurada em sua plataforma são os “how to do” ou “como” fazer, aprender, resolver, aplicar, inovar.

As Organizações mais inovadoras estão criando experimentos com os seus clientes para obter aprendizagem validada e viável. E depois aplicam a aprendizagem procedural (como realizar procedimentos e modelos de atuação) 

para produzir projetos mais velozes e ágeis. 

Para suportar as intensas mudanças nos próximos 20 anos, organizações, líderes, educadores e aprendizes compreendem que é necessário criar estratégias de capacitação onde a atenção esteja focada não no ensinar, mas no fomento da aprendizagem autodirigida, que modifica o desempenho, amplifica inovações e transforma realidades.

Diante desse contexto organizacional, defini o conceito Aprendizagem na Complexidade como “um processo de incorporação de novos conhecimentos em momentos de complexidade e incerteza, que resulta na progressão do desempenho humano e organizacional, validado e viabilizado pelos clientes”.  

Mais do que transmitir conteúdos (aprendizado declaratório), precisamos ajudar as organizações e seus profissionais a incorporar novos conhecimentos (aprendizagem procedural) e validá-los com seus clientes, a fim de obter viabilização dos produtos e serviços (aprendizagem validado e viável). O desenvolvimento de novas competências funcionais e de inovação serão de extrema importância para que os mesmos saibam agir e criar valor em ambientes de complexidade e incerteza.

3. Esteja próximo de quem realmente te faz crescer e inovar sempre

Daí o grande conflito entre a passividade e controle de um sistema educacional e a proatividade e autonomia dos alunos que desejam arduamente atuar e gerar valor no Mundo VUCA.

Eles são instruídos fundamentalmente para passarem no ENEM, Vestibular, ou mesmo adquirirem um título. 

Mas não são orientados a ganhar a vida profissional e existencial.  

Se o critério mais importante da Cultura Educacional não fosse o conteudismo e a transmissão de informação e sim o empreendedorismo, a capacidade de realização, de inovação e de produção da própria autonomia, os grandes ensinamentos estariam centrados na Aprendizagem Autodirigida, na Heutagogia, na Singularidade e protagonização do próprio Aprendiz. 

O futuro é promissor pois já constatamos ilhas de excelência em aprendizagem e capacidade de transformação: Organizações, Líderes, profissionais, Escolas, coordenadores, professores e alunos de destaque, que podem trabalhar com metodologias ativas de aprendizagem, como “Project Based Learning”, “Learn by Doing”, “Action Learning” ou mesmo Design Thinking, que são abordagens que os preparam profissionais para lidar com o futuro complexo e incerto.

No Mundo Real (faço o contraste com bolhas ideológicas educacionais), os grandes modelos de inspiração são os profissionais que aprendem fazendo, que aprendem por projetos, que entregam real valor à sociedade, construindo um ciclo virtuoso de um sistema educacional ativo, produtivo, colaborador e inovador, ao invés de um sistema educacional passivo que não produz valor, não arrisca, não aceita questionamento, que odeia feedback e que apenas quer controlar o que os outros devem saber e pensar.

4. Aproprie-se de seu aprendizado, intensifique sua vida e seja valoroso num mundo cada vez mais complexo

Independente em que sistema educacional estiver, não se acomode. Planeje seu aprendizado, encontre mentores e ambientes onde você possa expandir suas virtudes e competências. Mais do que o saber declaratório, foque no aprendizado procedural e validado. Mesmo que construa uma carreira gerencial, técnica ou de projetos, noções de empreendedorismo são fundamentais no mundo de alta complexidade. 

Aperfeiçoe sua capacidade de resolver problemas complexos. Seja um “Design Thinker” e aprenda a criar soluções valorosas para seus clientes externos e internos. Seja empático com as dores e necessidades dos outros, estude outras áreas de conhecimento e crie associações e combinações entre esses conhecimentos. Meu amigo Murilo Gun (@murilogun) cunhou o termo “combinatividade”. É a matéria-prima da Criatividade e Inovação. 

Aprenda como aprender qualquer coisa. Transforme idéias em projetos e teste com amigos e clientes sua viabilização. 

Não delegue a responsabilidade de aprender para Instituções de Ensino ou mesmo para Empresas. Não estou dizendo para não se relacionar com elas, apenas não aceite tudo como verdade e não seja passivo quanto às suas necessidades controláveis de inocular ideologias e conceitos, sem serem testadas na realidade e na sua singularidade.

Saiba quais são as excessivamente conteudistas e as que realmente se interessam em colocar o aprendiz como centro da sua própria evolução. Aprenda a criar filtros de aplicabilidade, usabilidade e relevância e use metodologias ativas para dar consistência e velocidade ao seu aprendizado. Aproprie-se de sua atualização, crescimento e desenvolvimento. Os ganhos por você se posicionar como um aprendiz por toda a vida são inestimáveis. 

A Aprendizagem e Responsabilidade são filhas da Intensidade de Vida. Quem se apropria das duas, pode dizer que “produziu” uma Vida que vale a pena ser vivida.

 

Eduardo Carmello – palestrante, escritor, diretor da ENTHEUSIASMO – Consultoria em Talentos Humanos

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