O consumo das famílias brasileiras, despesa que compõe e
impulsiona a economia brasileira, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB),
subiu 0,9% no ano passado, em comparação com 2013, informou o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a menor taxa desde
2003, quando ficou em -0,7%. Em 2014, o país cresceu 0,1%. Segundo a
coordenadora de Contas Nacionais do órgão, Rebeca de La Rocque Palais, a taxa
teve este resultado em 2014, apesar da variação positiva de 4,1% da massa
salarial real dos brasileiros, em razão do aumento da taxa de juros, inflação e
estagnação do crédito à pessoa física. “A gente continuou tendo
crescimento do emprego e do rendimento real das famílias, mas, por outro lado,
teve crescimento da taxa média de juros no ano, em relação a 2013″, analisou a
especialista do IBGE. “Além disso, o crédito, que antes vinha crescendo
bastante, especialmente o focado para as pessoas físicas, a gente já viu uma estagnação
em termos reais. Então tudo isso afetou o consumo das famílias e a indústria de
transformação também. A gente vê que além dos bens de capital [como máquinas e
equipamentos], os bens de consumo duráveis, no caso da indústria, foram
bastante afetados”, completou Rebeca Palais.
Despesas
pessoais x
preço
Ainda segundo a coordenadora de Contas Nacionais, o aumento do custo das
despesas pessoais acima da média dos preços da economia influenciou diretamente
a desaceleração do consumo. “A gente pode citar especificamente a parte
das despesas pessoais, inclui arte, recreação e outros serviços. O setor teve
queda em 2014, e claro que é influenciado pelo aumento dos preços, e aí afetou
negativamente o consumo das famílias também. As despesas pessoais tiveram crescimento
acima da média dos preços da economia”, disse Rebeca.
Economia cresce 0,1%
A economia brasileira cresceu 0,1% em 2014, segundo o IBGE. Em
valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas no ano passado
chegou a R$ 5,52 trilhões, e o PIB per capita (por pessoa) caiu a R$
27.229. Esse é o pior resultado desde 2009, ano da crise internacional,
quando a economia recuou 0,2%. Em 2013, de acordo com dados revisados, a
economia havia crescido 2,7%. “O que contribuiu para o crescimento foram os
serviços e, negativamente, foi a indústria”, afirmou a coordenadora de Contas
Nacionais do IBGE. Os números apresentados pelo IBGE já foram calculados
com base na nova metodologia, que incluiu dados que não existiam e mudou a
classificação de alguns itens. A previsão mais recente do Banco Central
era que o PIB tivesse recuado 0,1%, próxima à do Índice de Atividade Econômica
(IBC-Br), chamado de “prévia do PIB”, que estimava uma contração de 0,15% no
ano passado. Já a expectativa dos analistas do mercado financeiro era positiva,
porque indicava uma alta de 0,15%, segundo o boletim Focus, do Banco Central.
Fonte: Assistants Consultoria Atuarial