Ajudei a organizar um pequeno jantar no Fasano para o presidente
Barack Obama. Admiro muito a política e acho que ela é o caminho, embora não
tenha a menor vocação para ela. Tenho toda a vocação para a diplomacia e
procuro praticá-la. Sempre busco promover o Brasil no exterior e receber o
mundo para conversar.
Donata e eu recebemos em nossa casa ou então no Fasano, porque
no Fasano é possível mostrar o Brasil do trabalho sério e talentoso de
imigrantes que chegam com bolsos pequenos e sonhos grandes. Lá podemos mostrar
o potencial dessa nação que se realiza em pílulas, mas que um dia se realizará
por inteiro.
O jantar para Obama foi um evento pequeno, para dez pessoas, com
nomes escolhidos a dedo por seu staff, para que o presidente pudesse ter uma
visão interessante do Brasil.
Gente inteligente como a economista Regina Nunes, que conhece
este país e seus números como ninguém; como o professor e cientista José
Goldenberg, de quem Obama sabia tudo; e rostos jovens como o de Juliana de
Faria, do Think Olga, ONG que luta pelo empoderamento da mulher. Eles encheram
nossa mesa de energia, com uma conversa fluente e jovem, porque Obama tem olhar
à frente e quer falar com jovens e representantes do terceiro setor.
Foi uma noite de muita emoção, dessas que a gente não quer que
acabe. Para mim, o momento mais emocionante foi quando o pequeno Vitório
Fasano, filho de Rogerio, subiu com os pais para cumprimentar o presidente
americano.
A admiração e a emoção de Vitório por Obama eram tocantes. Ele
ali representava os jovens de todo o mundo, que olham para as pessoas de minha
geração a procura de líderes, de caminhos, de exemplos, de respostas, de
esperança.
Vitório era ali Antonio, Zeca e Helena, meus filhos, que não
pagam pau para ninguém, mas que estavam babando pelo cara. Vitório ali era
bilhões de jovens menos afortunados que ele e que têm em Obama um raro exemplo.
Era a jovem engenheira de Perus, que se ajoelhou na frente do
carro da comitiva de Obama porque queria conhecer seu grande ídolo.
Este mundo precisa tanto de Obamas. Os jovens precisam de
estudo, de empregos, de oportunidades, de caminhos. Porque senão podem ir ao
crime, ao radicalismo ou a lugar nenhum. Isso era o que os olhos de Vitório
tinham a pedir para Obama.
Produzir exemplos, lideranças e conteúdos que inspirem os jovens
é o desafio de minha geração nesta perigosa encruzilhada de polarização,
radicalismo e falta de diálogo. Precisamos conversar com boa vontade e compreensão
diante dos argumentos alheios.
O (principal) caminho é a política. E é por isso que estou
apoiando a iniciativa RenovaBR, organizada e lançada por Eduardo Mufarej para
estimular jovens de talento e ética a entrarem na política brasileira. Para renová-la.
O Evangelho fala nos homens de boa vontade. Só construiremos o
futuro com boa vontade, inclusive na política. O RenovaBR ainda não está pronto
e não tem todas as respostas. Mas é o Brasil procurando saídas às suas
encrencas. Não é um bando de ricos querendo projeto de poder ou espalhando a
cartilha liberal. O que Eduardo Mufarej quer fazer, e eu aplaudo e apoio, é
incentivar gente jovem a entrar na política.
Eduardo, que morou muitos anos nos Estados Unidos, trouxe de lá
a cultura cívica da qual Obama é o principal evangelista. Obama e sua fundação,
Eduardo Mufarej e seu sonho, vocês têm em mim um homem de boa vontade para
construir um mundo melhor para Antonios, Josés, Marias, Fátimas e Vitórios do
mundo inteiro.
Nizan
Guanaes
- publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC.
Fonte:
coluna jornal FSP