No mundo do controle, sucesso não é notícia
O assunto da crise das Americanas tem dominado as conversas no
meio corporativo, sobretudo no Linkedin.
Vários aspectos já foram abordados, mas vou tentar tratar de uma
perspectiva que nem sempre é muito nítida, especialmente para aqueles que não
militam na área de controles internos e seus derivados.
Aprendi isso com um famoso ator/diretor, que, em uma entrevista,
confessou que, em sua vitoriosa carreira, participou de uma quantidade muito
maior de fracassos do que de sucessos, em se tratando das peças em que atuou ou
dirigiu.
Acontece que o fracasso não é, de forma geral, percebido pelo
público, pois as peças ficam pouco tempo em cartaz e são pouco
comentadas.
No entanto, aquelas que fazem sucesso, ficam meses e meses em
cartaz, são apresentadas em outras cidades, comentadas em jornais, televisão e
nas mídias mais recentes.
Assim, a percepção de sucesso é muito maior do que a do
fracasso, independentemente do número de eventos.
No mundo dos controles internos, a realidade é exatamente a
oposta. As situações em que medidas adotadas evitam a ocorrência de perdas não
são captadas pela mídia, nem mesmo pelo ambiente corporativo.
É a lógica
da luz da geladeira. Não conseguimos perceber os momentos em que a luz interna
da geladeira está desligada.
A situação da Americanas é muito grave e merece investigação
ampla, em todos os níveis, e eventual punição a todos os envolvidos.
Outros casos similares ou parecidos que ainda estão sob a
superfície, precisam ser revelados e, da mesma forma, apurados de forma a gerar
a responsabilização cabível, se for o caso.
Mas esses fatos não devem perturbar a ideia de que as áreas de compliance,
controles internos, gestão de riscos, integridade e outras similares têm
realizado um excelente trabalho, utilizando-se de técnicas modernas e efetivas,
desenvolvendo soluções adequadas à realidade e evitando, dessa forma, vultosas
perdas às organizações e suas partes interessadas.
Nesse caso, todo alarde feito às irregularidades percebidas não
podem tornar sem efeito os mecanismos de controles que vêm sendo aplicados e
que evitam perdas generalizadas.
O caso Americanas ainda é pontual. Muitos, certamente, são os
exemplos de sucesso. Só que, exatamente por serem bem sucedidos, não dão margem
a maiores observações midiáticas.
LUIZ FÉLIX FREITAS - Sócio da KOLME DESENVOLV. EMPRESARIAL Prof, e Consultor Prev.
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