Entenda sinais de alerta para crises na saúde mental dos jovens.


Entenda sinais de alerta para crises na saúde mental dos jovens.

Os jovens estão cada vez mais deprimidos, ansiosos e com problemas relacionados à imagem e relação com os colegas. 

De acordo com um relatório produzido por um instituto de pesquisa e entregue ao governo federal, a prevalência de transtornos mentais nas crianças e adolescentes subiu de 13%, em 2013, para cerca de 25% em 2021.

O Ministério da Saúde também viu um aumento na taxa de suicídios cometidos por crianças e jovens de 10 a 19 anos nos últimos cinco anos.

Outros levantamentos indicam ainda o crescimento do medo de violência escolar (2 em cada 3), o aumento das agressões sofridas nas escolas (subida de 48,5% em 2022 em comparação a 2019) e de depressão (cerca de 15% das crianças e adolescentes em todo o mundo apresentam sinais de depressão).

De acordo com especialistas, o primeiro passo para reduzir tais números alarmantes é falar sobre saúde mental

Só quando nomeamos o problema, ele passa a ser reconhecido e debatido. Isso ajuda a diminuir o estigma.

Outro ponto crucial é tratar sobre prevenção. Nesse caso, prevenção ao suicídio, à automutilação e à violência.

Quais os sinais?

  • Os sentimentos de isolamento, exclusão e sintomas de depressão ou ansiedade são, em geral, indicativos de alerta que podem levar à violência;
  • Muitas vezes, os jovens não falam sobre o que estão passando por medo ou vergonha. Em casos assim, o bullying pode ser ainda um potencializador, tanto para quem sofre como para quem pratica, dizem os especialistas.
  • Agressão, violência contra pais e professores e uso de redes sociais para propagar mensagens de ódio também são alertas para ficar atento.

E como evitar?

Discutir saúde mental nas escolas é fundamental, tanto para os alunos quanto para os professores e demais profissionais. 

Além disso, a criação de redes de atendimento psicossocial –como as chamadas Caps I (Centro de Apoio Psicossocial Infantojuvenil)– é fundamental para poder dar apoio e atendimento especializado aos jovens.

No Brasil, houve um desmonte das políticas de atendimento psicológico infantil nos últimos anos, e o país conta com somente 258 centros para crianças e jovens.

Políticas de saúde mental precisam estar presentes em todos os espaços onde aquele jovem frequenta, mas devem ser integradas, evitando assim que uma criança ou adolescente tenha o atendimento interrompido.

  • Estudo feito nos EUA apontou que a taxa de suicídio em jovens e crianças era 16% maior em distritos que não contavam com apoio psicossocial;
  • Os suicídios cometidos com armas de fogo foram 27% mais frequentes nesses locais em comparação aos estados com atendimento especializado.

CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

  • Pesquisadores do Instituto Scripps de Pesquisa e do Instituto Herbert Wertheim UF Scripps para Inovação em Biomedicina e Tecnologia descobriram um gene potencialmente ligado ao desenvolvimento de depressão crônica. O gene GPR158 codifica uma proteína que estimula a indução de neurotransmissores de estresse. Porém, ele apresenta um local para ligação com o aminoácido glicina. Quando essa ligação ocorre, o sinal molecular para estresse é interrompido, o que provoca uma estimulação positiva dos neurotransmissores. A equipe de pesquisadores patenteou a molécula e agora espera buscar meios de incorporá-la a medicamentos antidepressivos.
  • Estudo desenvolvido pelo Instituto Global em Saúde (ISGlobal), em Barcelona, mostrou que houve queda de 14% na percepção de transtornos mentais e de 13% no uso de antidepressivos pela população após a implementação de mais corredores verdes na cidade. A iniciativa, chamada "Eixo verde", teve início em 2015. Dados do sistema de saúde de 2016 e 2017 dos moradores indicam uma redução também no uso de ansiolíticos, com queda nas visitas a consultórios médicos, e uma possível economia anual de 45 milhões de euros (cerca de R$ 247,7 milhões).
  • O uso do cogumelo alucinógeno psilocibina pode influenciar as áreas do cérebro ligadas à criatividade? Cientistas da Universidade de Maastricht, na Holanda, apresentaram na última semana em um congresso de neurociência em San Francisco, na Califórnia, os primeiros resultados de um estudo randomizado, duplo-cego e com grupo controle analisando os efeitos do cogumelo no potencial cognitivo do cerébro e viram que ele afetava áreas criativas do sistema nervoso. Segundo Natasha Mason, coordenadora da pesquisa, tal descoberta pode ter potencial como forma de aplicação para terapia antidepressiva.

ANA BOTALLO - bióloga, possui mestrado em zoologia e doutorado em paleontologia pela Universidade de São Paulo e Museu de História Natural de Paris (França). 

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