Apenas 10 ações sustentam o Ibovespa; descubra
quais são elas
A
entrada de investidores estrangeiros na bolsa foi concentrada em poucas ações.
Ao contrário do que todos imaginavam, o Ibovespa se descolou dos
mercados internacionais e já supera 8% de valorização no ano até esta última
quinta-feira. No entanto, esta alta é sustentada por praticamente dez ações.
O Ibovespa é um índice formado por 92 ações, mas apenas 89
empresas. Isto ocorre, pois algumas empresas possuem mais de uma classe de
ação.
Por exemplo, a Petrobras possui ações do tipo PN, chamadas de
preferenciais e do tipo ON, denominadas ordinárias. Estas últimas são as ações
com direito a voto.
A valorização do índice em um dia qualquer pode ser estimada
pelo produto da participação de uma ação no índice e sua respectiva variação no
dia.
Assim, a valorização de pouco mais de 8% do Ibovespa, pode ser
estimada pelo produto do peso pela variação de cada respectiva ação.
Fazendo este cálculo, verificamos que dez ações respondem por
toda a valorização do Ibovespa. Estas dez ações representam quase metade do
Ibovespa, considerando seus pesos.
A tabela acima apresenta estas dez ações, seus
pesos no índice, retornos e suas respectivas contribuições para a valorização
do Ibovespa.
As outras 82 ações, ponderadas pelos seus pesos,
não contribuem com praticamente retorno algum.
Se desconsiderássemos estas 10 ações da tabela, e
ponderássemos o Ibovespa novamente apenas com as 82 ações restantes, o índice
apresentaria alta inferior a 1% em 2022.
Considerando a quantidade total de ações do
Ibovespa, 36% delas se desvalorizam neste ano e 73% das ações apresentam
retorno abaixo do índice. Ou seja, a alta deste ano não foi disseminada entre
todas as ações.
Como pode ser observado na tabela acima,
praticamente três setores concentram as atenções: financeiro, petróleo e
mineração. Apenas uma empresa fora destes setores se destaca que é a
Intermédica.
Embora a Itausa não possua apenas o Itaú Unibanco
como subsidiária, a Alpagartas, da qual ela também é controladora, é destaque
de queda, com desvalorização de mais de 27% em 2022.
Essa concentração é explicada pela forte entrada de
investidores externos. Estes preferem comprar empresas líquidas, pois, assim,
também podem facilmente sair caso o cenário mude.
Vamos torcer para que o cenário de alta mais forte
que o esperado das taxas de juros nos EUA não afugente estes investidores, ou o
Ibovespa pode tomar o caminho do restante da bolsa.
MICHAEL VIRIATO - assessor de
investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor