Inflação reduz o poder de compra, o padrão de vida e compromete planos
para o futuro.
Em 2020, a inflação subiu muito e os consumidores
perderam poder de compra.
Em 2021, a inflação segue atrapalhando a vida de
todos, especialmente a das pessoas de baixa renda, e agrava ainda mais a
desigualdade social.
O IPCA subiu 8,06% em 12 meses, até maio de
2021.
No mesmo período, o IGP-M acumulou alta de 37,04% e, como
responde parcialmente pelos reajustes dos serviços de telefonia e de energia elétrica, contratos de planos de saúde e educação, além de ser
utilizado para reajustar contratos de aluguel, é fácil imaginar o estrago no
orçamento e no bolso das famílias.
Mesmo quem controla as despesas na ponta do lápis não foi capaz de
comprar as mesmas coisas que comprava antes, e me refiro aos felizardos que mantiveram o trabalho e a renda.
O que fazer para se defender contra a poderosa e avassaladora inflação?
Precisamos separar em dois grupos antes de apresentar recomendações: os
privilegiados, com dinheiro para investir, e os mais
afetados, as pessoas de menor renda, sem reservas financeiras para enfrentar
tempos de crise.
Começando pelo grupo maior e mais atingido, as recomendações
se referem basicamente ao consumo.
O conselho é óbvio e nem sempre possível de
ser implementado: reduzir e cortar despesas.
Adiar toda e
qualquer despesa que não seja essencial, substituir produtos, reduzir a
quantidade para evitar desperdícios, explorar novos pontos de venda,
alimentação caseira, mais saudável e econômica do que a servida em padarias e
restaurantes.
Cancelar, reduzir pacotes de serviços e renegociar contratos,
especialmente os que são corrigidos pelo IGP-M, que arrasou o bolso até dos
mais ricos.
O contrato de aluguel, por exemplo, merece atenção especial e uma
boa conversa com o proprietário do imóvel, que há de preferir uma redução no
valor cobrado a arriscar a inadimplência do inquilino ou vacância.
Para os privilegiados investidores, a recomendação é procurar
alternativas de ativos atrelados a índices de inflação.
Não se trata de uma
proteção perfeita, em razão da flutuação de preços a curto prazo, mas oferecem
razoável proteção, com rendimentos acima do índice oficial de inflação a longo
prazo.
Começando pelos títulos públicos, é possível comprar as Notas do Tesouro Nacional série B (Tesouro IPCA+),
que remuneram a variação do IPCA mais uma taxa de juros prefixada que incide sobre
o valor corrigido.
Livres do risco de crédito, garantem o pagamento do juro real contratado
quando mantidos até o vencimento.
A revenda antecipada expõe o investidor ao
risco de mercado, lembrando que, quanto mais longo o título, maior é a
flutuação de preços.
Títulos privados, emitidos por instituições financeiras e não
financeiras, como CDB, CRI, CRA e debêntures, também estão disponíveis. Quando
o título é isento do Imposto de Renda, como CRI, CRA e as debêntures
incentivadas, o investidor consegue reunir dois atributos
em uma mesma aplicação: proteção contra a inflação e isenção fiscal.
Para reduzir o risco de crédito, o investidor deve avaliar a classificação
de risco do emissor dando preferência aos de melhor rating, nota atribuída
pelas agências classificadoras de risco. O risco de liquidez pode ser
gerenciado com a aquisição de títulos de vários prazos.
A oferta de fundos de investimento atrelados a índices de inflação é
ampla.
Os planos de previdência, com natural vocação de longo prazo, combinam
muito bem com a estratégia dos investidores que buscam preservar o capital e
protegê-lo contra a inflação.
MARCIA DESSEN - Planejadora
financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O
Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Fonte: coluna jornal FSP