Acabou de sair. Veio fresquinho do forno do IBGE no fim
da última semana. No terceiro trimestre deste ano, a expansão da economia foi
de 0,1% em relação ao segundo trimestre e de 1,4% em relação ao mesmo trimestre
de 2016. A alta foi modesta, mas é importante notar que a agricultura, sempre
fortemente influenciada por fatores sazonais e passageiros, caiu de maneira
substancial: menos 3%. Ou seja, a parte mais sistemática, digamos assim, do PIB
cresceu mais do que 0,1%. Melhor ainda: após quinze trimestres de queda, o
investimento voltou a crescer. Além disso, o IBGE revisou para cima o PIB do
primeiro e do segundo trimestres. Tudo isso para dizer que a economia está se
recuperando, ainda que devagar.
A recuperação fica clara no gráfico abaixo, onde
mostramos o crescimento em bases móveis acumulado em 4 trimestres.
O primeiro motivo por trás da retomada pode ser resumido
pelo clássico: "tudo que cai um dia tem que subir". O tombo da
atividade econômica entre 2014 e 2016 foi algo sinistro para os padrões
históricos brasileiros. Com uma base baixíssima, crescer não é tarefa tão
árdua. Segundo: credibilidade. A nova equipe econômica passa confiança a
mercados e empresários, tanto em termos de diagnóstico como de propostas para o
tratamento do enfermo. É verdade que quem aprova as medidas é o Congresso, não
os técnicos do Ministério da Fazenda. Mas já é um bom começo termos um conjunto
de propostas de qualidade. Terceiro: a política monetária está sendo afrouxada
na esteira da queda da inflação, e isso deve estimular a economia no curto
prazo. Juros mais baixos funcionam como incentivo ao consumo e ao investimento,
ainda que os efeitos não durem por muito tempo.
Ciclicamente, portanto, as coisas devem continuar
melhorando por mais alguns trimestres. Mas e estruturalmente? Aí a porca torce
o rabo.
O xis da questão segue sendo a incerteza quanto ao
futuro da política fiscal, magnificada pela eleição que se avizinha. O
equilíbrio fiscal caminha no fio da navalha: um errinho e a dívida se torna
insustentável (ela já é alta demais, e vai crescer por mais alguns anos mesmo
se fizermos todos os ajustes!). Por isso, um deslize –por exemplo, a não
aprovação da reforma da Previdência até o meio do ano que vem– e os mercados
vão concluir que a dívida é insustentável. Aí o país sai dos trilhos: o
investimento bate asas e a economia afunda de novo.
Em suma, as perspectivas de médio prazo seguem sombrias.
O lado bom da notícia é que ainda temos capacidade de alterar o futuro, mas não
podemos bobear.
Fonte:
coluna por que, jornal FSP