M-E-D-O. Já
parou para pensar nisso? É um exercício importante para quem faz Comunicação
e Educação Previdenciária. Muitas das narrativas sobre o futuro utilizam o
medo como instrumento didático: a qualidade do futuro depende das suas escolhas
presentes (olha o dedo apontando para o outro). Esse talvez seja o mantra que
melhor sintetiza o trabalho que fazemos. E está certo!
A mensagem está correta, mas a entonação pode mudar o significado. Fico
pensando no mosaico de imagens que pode sustentar a afirmação: Você
é responsável pela qualidade do seu futuro. Depende da minha intenção.
Só de farra, sugiro três vieses. Pode ser fragilidade, vulnerabilidade,
exclusão (medo). Pode ser independência, liberdade, autonomia (responsabilidade).
Pode ser abertura a possibilidades, o desconhecido, o indeterminado (aventura).
De propósito, não vou usar imagens aqui. Imagine você, Cara Pálida, seu próprio
mosaico.
Para o primeiro viés, as imagens são quase óbvias. O medo é atávico. Território
conhecido. Lugar comum. O medo virou moda! O medo vende! O medo é organizador
de nossas vidas. Essas ideias foram discutidas em um episódio recente do
programa Terra|dois (TV Cultura). O medo real está associado a
instinto de preservação. O medo irreal é fruto da ilusão. Tem muita diferença!
A caracterização da imagem para o segundo viés, responsabilidade, já exige
outros recursos de imaginação para chegar a uma solução. E assim este post vai
quase se transformando em um laboratório de Comunicação.
Responsabilidade é séria? Séria e sisuda? Séria e simpática? "Disciplina é
liberdade". Criar essa imagem que mostre o lado livre da responsabilidade
exige mais criatividade,
mais r-e-p-e-r-t-ó-r-i-o, conteúdo.
O terceiro viés é ainda mais amplo. Aventura para o futuro? Que futuro? O tecnológico,
o território desconhecido onde eu tenho todas as escolhas, todas as
possibilidades? Onde eu escolho o que eu quiser? Sim! Inclusive de não querer o
serviço que está sendo vendido. Ah! Então, se o propósito é venda, essa
proposta de abordagem não faz sentido, não merece atenção, pode ser descartada.
Não! Não! Não, Cara Pálida! Essa proposta traz uma essência de diversidade e
respeito, marcas do século 21.
Medo
da estagnação ou medo de crescer?
Uma conversa informal, há duas semanas, me faz refletir sobre uma pergunta:
a Previdência Complementar Fechada tem mais medo da estagnação
ou do crescimento? Ainda não tenho a resposta mas estou apostando na segunda,
mesmo considerando aquela orientação bíblica que tanto me encanta: "há
tempo para tudo".
O crescimento é o que vai exigir novos esforços, novas soluções, novas
responsabilidades. Tenho fôlego para fazer mais? Só saberei se me dispuser a
fazer, claro! Sou pequena, eu-preendedora. Dá para competir com quem é maior?
Só saberei se me dispuser a competir, claro! Tenho que, com entusiasmo, colocar
na mesa aquilo que eu sei fazer de melhor para contribuir. Ter humildade para
aceitar que o meu melhor pode não ser suficiente. Mas pode ser combinado a
outras forças para compensar as insuficiências. O que eu não posso é me render
ao medo.
Antes de vender o futuro de aventura, possibilidade, respeito e diversidade, eu
preciso aceitar o conceito geral e os específicos. Eu preciso entender cada
valor. A tecnologia pode ajudar na escala, mas só vai gerar resultados se os
parâmetros forem claros, precisos. A tecnologia pode ajudar a alavancar o
quantitativo: agilizar processos para ganhar tempo, organizar volumes maiores
de dados para potencializar coberturas, compartilhar orientações, para
subsidiar decisões. A tecnologia pavimenta o caminho.
Afinal, em breve, a Comunicação e a Educação precisarão vender
o futuro para profissionais liberais: os planos setoriais estão chegando! Os
planos setoriais terão de transformar a qualidade de futuro em objeto de desejo
para familiares de Participantes e Assistidos da Previdência Complementar. Para
quem não tem patrocinador. Para quem ainda não aprendeu a fazer escolhas. Para
"clientes" volúveis, instáveis, possivelmente infiéis, mas que vão
viver muito, com nenhuma, pouca, alguma ou a melhor proteção previdenciária...
Depende do êxito do trabalho que eu fizer.
Penso que os planos setoriais têm muito potencial para desencadear uma
transformação estrutural no jeito de fazer, nos paradigmas da Previdência
Complementar Fechada. Se isso acontecer, estaremos contribuindo para
transformar comportamentos e modos de ser da sociedade. Isso é muito ambicioso!
Mas acho que um futuro diferente do presente, no mínimo [para não ser
suspeito], exige muita audácia e novas narrativas para se chegar lá.
Eliane
Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação,
especialista em Gestão de Processos Comunicacionais e consultora de
comunicação, tem participado em projetos com a Suporte Educacional.
Fonte: blog da Eliane: www.elianemiragliablogspot.com.br