Criptos ainda devem passar por prova de fogo este
ano
Três
fatores podem provocar mais perdas no curto prazo aos investidores de
criptoativos.
Desde sua máxima atingida em novembro do ano passado, o
principal criptoativo, o Bitcoin já caiu mais de 57%.
Para muitos, já
estaríamos próximo de sua mínima.
No entanto, o que está provocanco a recente
queda dos ativos de risco e do Bitcoin ainda não se dissipou e deve piorar.
Existe uma única razão financeira por se comprar um
ativo, obter retorno. Este pode vir de duas formas.
Ou você tem uma expectativa
de recebimento de fluxo de caixa, por exemplo, dividendos, ou você espera que o
ativo se valorize.
Com os criptoativos, na grande maioria dos casos, você só
tem a segunda opção.
Ativos que têm esta característica sofrem desde
novembro do ano passado e ainda estão sob risco neste momento.
Três movimentos que estão ocorrendo neste momento e
que ainda devem se intensificar nos próximos meses, podem trazer mais
desvalorização para ativos que não produzem renda, como o Bitcoin.
Da última vez que as taxas de juros subiram nos
EUA, o Bitcoin caiu mais de 80%. Isso ocorreu em 2018.
O gráfico abaixo mostra
quando o Bitcoin caiu de USD$ 19 mil para menos de USD$ 3,8 mil.
Neste momento, não só as taxas de juros estão
subindo como efeito da alta inflação pelo mundo, mas outros dois fatores podem
alavancar as perdas.
O Banco Central americano (FED) deve reverter seu
programa de expansão monetária que promoveu uma intensa liquidez pelo mundo.
Esta forte liquidez deu suporte à forte valorização de ativos de risco.
Resumindo, o dinheiro vai ficar mais caro. Com
isso, a alavancagem, ou seja, compra com recursos emprestados deve reduzir.
Esta preocupação com a alta alavancagem foi
alertada por Martin Arnold em seu artigo publicado no Financial Times na última
terça-feira (24/05): "some crypto exchanges are offering loans to
customers to allow them to increase their exposures by as much as 125 times
their initial investment" (algumas bolsas de cripto estão oferecendo
empréstimos aos clientes, permitindo que estes elevem sua exposição em 125
vezes o investimento inicial).
Com o início da restrição a esta alavancagem,
redução da liquidez e maior taxas de juros, não é à toa que já estamos vendo
alguns criptos perderem completamente seu valor em semanas.
Nos últimos 30
dias, um dos dez maiores criptos, o cripto Terra (Luna) perdeu completamente
seu valor e seus investidores viram toda a aplicação virar pó.
Considerando exemplos passados da consequência de
forte redução de alavancagem e alta de taxas de juros, não me surpreenderia em
ver o Bitcoin negociando a menos de USD$ 15 mil antes do final deste ano.
MICHAEL VIRIATO - assessor de investimentos e sócio
fundador da Casa do
Investidor