Pequenas ações, como separar a roupa das crianças na véspera,
podem tornar o dia mais tranquilo (Charles Duhigg)
A vida é curta, então seria razoável esperar que as pessoas
fossem seletivas na forma como gastam seu precioso tempo. Mas obviamente nem
sempre é assim.
Existem, no entanto, formas de garantir que menos tempo seja
desperdiçado, e um desses métodos começa com uma pergunta básica: por quê? Essa
abordagem, conhecida como “os cinco porquês”, foi testada por Charles Duhigg,
que escreveu sobre a experiência no “The New York Times”.
A questão era compreender por que ele e sua mulher nunca
conseguiam jantar com seus dois filhos, apesar de prometerem todas as manhãs
que fariam isso.
Eles recorreram a um método utilizado pela Toyota na década de
1980, no qual a empresa começava com o problema final e buscava um motivo em
cada etapa anterior, até atingir a causa principal. No caso do casal Duhigg,
eles estavam deixando de jantar com os filhos porque chegavam em casa mais
tarde do que pretendiam. Isso ocorria porque eles tinham muitas tarefas que
sobravam no final do expediente, porque haviam chegado ao trabalho depois do
que pretendiam, porque já haviam saído atrasados de casa pela manhã, porque as
crianças haviam demorado demais para se vestir.
A solução: preparar a roupa das crianças na véspera, “uma
pequena mudança que agora permite que a família jante junta várias noites por
semana”.
Outra questão que pode ajudar a estipular prioridades no gasto
do seu tempo poderia ser: quanto tempo? Em outras palavras, quanto tempo você
espera viver?
E, em vez de chegarmos a um número específico, a ideia de que a
morte está se aproximando deve nos impulsionar a parar de procrastinar e a
começar a viver a vida ao máximo, escreveu Arthur C. Brooks.
Muitos de nós não conseguimos conciliar “os desejos momentâneos
com as metas existenciais”, escreveu ele. Assim, embora muita gente valorize
mais a oração e a meditação do que a televisão, a pesquisa mostrou que os
americanos passam mais de cinco vezes mais tempo diante da TV do que realizando
atividades espirituais.
Uma solução proposta por Brooks consiste em impor a si mesmo o
“teste do último ano”. Pense da seguinte maneira: “Se este fosse o último ano
da minha vida, eu passaria a próxima hora checando distraidamente as redes
sociais, ou em vez disso leria algo que me animasse?”. Ao considerar os
próximos 20 minutos, o próximo fim de semana ou as suas próximas férias,
pergunte-se: “Como eu mais gostaria de gastar esse tempo, e com quem?”.
Carl Richards levou esse autoexame para outra direção. “Desista
de entender quem é realmente o culpado por algo”, afirmou. “Em vez disso,
considere se é mais valioso culpar outra pessoa ou assumir você mesmo a
responsabilidade, aprendendo com os erros do passado”.
Essa abordagem leva a uma autovalorização, mesmo que você saiba
que não é realmente o culpado, escreveu ele, porque isso permite encontrar
formas criativas de melhorar a situação. Em vez de culpar os políticos pelos
problemas do país, ou acusar os bancos de lhe darem orientações ruins, assumir
a responsabilidade pelas suas próprias decisões permite que você aprenda com o
passado e faça escolhas melhores no futuro.
Recordando a frase de Lev Tolstói, segundo quem “todos pensam em
mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”, Richards aconselhou:
“Afinal de contas, essa é a única coisa sobre a qual você tem controle: você
mesmo!”.
E a hora de começar essa mudança é agora.
Tess Felder – jornalista do New York Times