As crianças querem presentes, mas também estar com a família reunida

Voluntários distribuem doces e brinquedos para crianças em colégio do centro de São Paulo

A maioria das crianças adora o Natal! Elas esperam ansiosamente pela data: marcam no calendário se já conseguem, perguntam constantemente aos pais quantos dias faltam para chegar, e algumas até querem dormir logo porque acham que, desse modo, o dia chegará mais rapidamente.

Será por causa dos presentes que elas sabem que irão ganhar que ficam nessa espera ansiosa? Para saber disso diretamente delas, juntei-me a uma colega e resolvemos conversar com pelo menos 20 crianças, todas com idades entre 5 e 11 anos, pertencentes a famílias diferentes e não conhecidas entre si, e perguntamos se elas gostavam do Natal, e por quê. Pode ser que você se surpreenda com as respostas que tivemos, caro leitor!

Sim, quase todas falaram dos presentes. Mas nenhuma delas deixou de dizer que gostava de estar com a família toda reunida, de comer as coisas gostosas que costumam ser servidas e que ficavam sentindo-se contentes com todos juntos, inclusive com os parentes que moram longe delas e com quem pouco se encontram. Aliás, várias disseram que acham uma pena que isso aconteça apenas no Natal, ou seja, uma vez ao ano.

Aí está: se alguém ainda tinha dúvidas sobre a importância da convivência familiar para as crianças, poderá agora repensar suas ideias a respeito.

No cotidiano familiar, quase não há tempo nem espaço para a convivência tranquila dos pais e demais adultos do grupo, sem que haja metas e objetivos a cumprir, sem obrigações mediando os relacionamentos, sem horários rigorosos, sem pressa, enfim.

Reunirem-se apenas para estar juntos uns com os outros, para comer ao mesmo tempo as comidas que foram preparadas especialmente para a família celebrar o encontro, para rir do próprio grupo: nada é mais importante do que isso para as crianças.

Tais reuniões oferecem a elas uma sensação de conforto, de segurança, de acolhimento e, principalmente, a certeza de poderem contar com chão firme que lhes permite seguir em frente na vida.

Se para nós, adultos, essas sensações são das mais relevantes para nos ajudar a continuar em nosso caminho, apesar dos percalços que a vida nos impõe, imagine, caro leitor, na formação da base estrutural de uma criança!

Talvez nem todos ainda consigam perceber que, no dia a dia da família, nem sempre os mais novos conseguem ter a percepção clara de que sua família toda –não apenas seus pais– estão com eles lado a lado, no apoio e na tutela, para o que der e vier, mesmo que seja a distância, agora encurtada pelos contatos virtuais frequentes. Por isso, todas as crianças citaram a reunião da família expandida como algo de que gostam muito no Natal.

Por isso, meu caro leitor, eu desejo que, neste Natal, celebrando ou não a data no seu sentido religioso, você realize os investimentos pessoais necessários para que as crianças que pertencem a seu grupo familiar consigam desfrutar dessa reunião com todos juntos e, assim, criar memórias afetivas.

E não pense que se houver contratempos nos relacionamentos, que esse fato prejudica os mais novos. Ao contrário: ajuda-os a entender que amores e ódios são as duas faces da mesma moeda e, portanto, estarão sempre presentes nos relacionamentos afetivos.

A todos, meu desejo de um ótimo Natal!

Rosely Sayão - psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia a dia dessa relação.

Fonte: coluna FSP

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