Desapeguei e parei de rasgar
dinheiro mantendo um carro parado na garagem
Ter um carro na garagem disponível para usar quando
quiser ou precisar é prático, conveniente, confortável. Mas, se você usa pouco,
como eu, será que vale a pena ter e manter um carro? Do ponto de vista
financeiro, posso afirmar que não.
Se as razões que justificam o custo
e a decisão de comprar e manter um carro se alteram, é momento de repensar. Foi o
que aconteceu comigo. Decidi vender o carro e não comprar outro, é claro,
convencida de que posso usar outro tipo de transporte quando precisar,
como, aliás, já faço nos dias de rodízio.
Meu carro foi comprado há seis anos e tem 28 mil quilômetros rodados, prova concreta do
baixíssimo uso.
Resolvi fazer as contas, como
sempre apregoo nesta coluna, para saber quanto dinheiro eu perdi e deixei de
ganhar em razão do carro.
Foi comprado por R$ 100 mil e
vendido por R$ 60 mil, prejuízo de R$ 40 mil com a desvalorização. O custo de
manutenção em seis anos não foi pequeno: o seguro custou R$ 13 mil, o IPVA,
outros R$ 14 mil, e as revisões programadas pelo fabricante levaram mais R$
8.000, num total de R$ 75 mil.
Se eu juntar a esse montante o
valor que deixei de ganhar, o número aumenta bastante.
Se o capital de R$ 100 mil tivesse
sido investido no mercado financeiro há seis anos,
eu teria recebido rendimentos líquidos de aproximadamente R$ 70 mil. Somados ao
valor que saiu do meu bolso, chegamos a R$ 145 mil, uma pequena fortuna alocada
em um ativo que só gera despesa e destrói patrimônio.
Não levei em consideração o
dinheiro gasto em combustível, pedágios, estacionamento, multas e táxi utilizados nos dias de rodízio.
Assumo que esse será o custo recorrente com o meio de transporte que usarei
doravante, quando não estiver me deslocando a pé, pelo bairro onde moro e no
qual encontro tudo o que preciso ao redor.
E ainda posso alugar as duas vagas de garagem no condomínio
e ganhar uma grana extra...
Uma bicicleta, para percursos um pouco mais
longos, mas ainda dentro do perímetro do bairro, não está fora de cogitação,
será uma forma de unir o útil ao agradável. O que, para mim, ainda é um talvez,
para muitos pode ser a escolha óbvia do próximo meio de transporte nesta São
Paulo que acolhe cada vez mais as bikes e seus usuários.
Quem foi o felizardo que ficou com
o meu carro? Meu filho, que, diferentemente de mim, usa (e muito) o carro
diariamente com o deslocamento para o trabalho e nos finais de semana.
A comemoração dele foi dupla
porque, além de ter agora um carro seminovo, não o comprou, mas o recebeu em
doação, isenta daincidência de imposto, aproveitando a
política vigente no estado de São Paulo.
O ITCMD (Imposto de Transmissão
Causa Mortis e Doação) é de competência estadual, cabendo a cada ente da
Federação regulamentar sua aplicação. No estado de São Paulo, a alíquota de 4%
não incide quando o valor transmitido pelo mesmo doador ao mesmo donatário em
um ano civil não ultrapassar 2.500 Ufesp (Unidades Fiscais do Estado de São
Paulo), o equivalente a cerca de R$ 64 mil em 2018.
Doação planejada de quaisquer bens
e direitos de pequeno valor, inclusive em espécie, se beneficiando de eventual
isenção fiscal concedida por seu estado, é uma boa estratégia de planejamento
sucessório.
E você sabe quanto custa, de verdade, manter o seu
carro? Que fatia da sua renda ele consome? Você gasta mais com o carro do que
com moradia, educação dos filhos e lazer? Repense o significado e a importância
dele na sua vida
Marcia Dessen - planejadora financeira com
certificação CFP, é autora de 'Finanças Pessoais: o que fazer com meu
dinheiro'.
Fonte: coluna jornal FSP