Longevidade requer segurança e proteção
Fórum
Internacional discute violações a direitos dos idosos em meio à pandemia.
Proteção e segurança foram os temas abordados no Fórum Internacional da Longevidade na
última quinta (25/11).
A palestra de abertura coube a Margaret Gillis,
presidente do Centro Internacional da Longevidade (ILC) do Canadá. Sua mensagem
central foi a importância de fortalecer os direitos fundamentais das pessoas idosas.
Mesmo em seu país, com um sistema de cobertura
nacional de saúde abrangente, a pandemia trouxe à tona inconcebíveis violações a direitos dos idosos.
Gillis citou
o exemplo de instituições de longa permanência (ILPIs), cujos funcionários
abandonaram residentes fragilizados e dependentes; 85% das mortes causadas pela
pandemia no Canadá aconteceram em ILPIs.
Gillis tem sido uma defensora ardorosa da adoção pela ONU de
uma Convenção dos Direitos das Pessoas Idosas, a que se opõem os países
desenvolvidos porque temem que o reconhecimento de tais direitos se traduza em
demandas por serviços que, alegam, seriam financeiramente insustentáveis.
Ecoando suas palavras, a sessão contou com Silvia
Perel-Levin, presidente da Aliança de ONGs em defesa de direitos dos idosos junto às Nações
Unidas em Genebra, outra vigorosa ativista para ter a convenção adotada.
Como Silvia enfatizou, esse é o único grupo etário
que ainda não dispõe de um instrumento legal vinculante a nível internacional,
uma forma gritante de discriminação.
Sua intervenção foi seguida pela de seis associados
do Centro Internacional da Longevidade do Brasil, todos atuantes na formulação
de políticas que reforcem a segurança e a proteção de pessoas idosas.
Ines Rioto, editora de livro recém-lançado sobre a
temática, frisou o direito universal da moradia digna,
que vai muito além de ter um teto e perpassa políticas ambientais tanto
na esfera física como na social.
Ela chamou a atenção para a escassez de
projetos habitacionais para o grupo etário que mais cresce no país.
O empreendedor social Morris Litivak, CEO do
Maturi, criado por ele em 2015, concentrou-se na relevância de oferecer oportunidades de trabalho para os 50+, o que
implica políticas de aprendizagem ao longo da vida que lhes proporcionem novas
habilidades e qualificações. Todos ganham quando "maturis"
experientes em busca de trabalho são pareados a empresas ávidas por tal
experiência.
Maisa Kairala, geriatra com vasta experiência em
imunologia e envelhecimento, ressaltou a importância da prevenção, citando o
calendário vacinal ao longo do curso de vida e a tradição do Brasil neste
tocante, patente pela adesão massiva dos idosos à vacinação no
contexto da pandemia.
O envelhecimento ativo, saudável e sustentável
depende da prevenção, da qual a imunização é um pilar fundamental.
À liderança e à visão da também geriatra Karla
Giacomin, vice-presidente do ILC Brasil, deve-se a criação da Frente Nacional
de Fortalecimento das ILPIs no início da pandemia, impedindo uma tragédia
humanitária épica caso ocorresse aqui a experiência do Canadá.
Karla lembrou
que "ninguém se fortalece sozinho", o trabalho em rede é essencial.
Encerraram a sessão Ana Amélia Camarano e Laura
Machado, gerontólogas de reconhecimento internacional. Lembrando que a pandemia
acelerou ainda mais o envelhecimento, elas alertaram que a sustentabilidade e a
produtividade do país dependerão de políticas de inclusão e
reconhecimento da cidadania plena das pessoas idosas.
Alexandre Kalache - médico gerontólogo, presidente do Centro
Internacional de Longevidade no Brasil (ILC-BR)