Escândalos envolvendo meio ambiente alertam empresas para adotar ESG


Um olho está no lucro, e o outro, no custo socioambiental da geração desse lucro.

 

Há algumas décadas surgiram novos conceitos de investir, aliando lucro, responsabilidade e sustentabilidade. O investimento socialmente responsável começou na década de 1970; o conceito era investir em empresas moralmente boas, eliminando da carteira de investimentos ações de empresas de armas, tabaco, jogos de azar, entretenimento adulto e outros vícios.

O conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) ganhou força e está sendo cada vez mais utilizado por consultores financeiros, bancos e gestores para selecionar os ativos de acordo com impactos e desempenho em três áreas: ambiente (enviroment), sociedade (social) e governança (governance).

Na Europa, o conceito e a prática existem há anos. Nos Estados Unidos, ganhou força entre 2016 e 2017, apesar —e, talvez, em razão— da agenda contrária às questões ambientais de Donald Trump.

No Brasil, o envolvimento de grandes empresas em escândalos de governança, como a tragédia protagonizada pela Vale em Brumadinho, e o posicionamento de Bolsonaro, a exemplo do de Trump, fortaleceram o debate e despertaram a atenção da mídia, das empresas e dos investidores.

O G de governança vem sendo discutido há mais tempo no Brasil. O Novo Mercado, segmento da B3, reúne ações de empresas abertas que adotam, voluntariamente, políticas de governança e transparência acima do que a legislação exige.

O S de social indica que os objetivos sociais da empresa caminham ao lado dos econômicos, envolve toda a cadeia de valor da companhia, desde fornecedores, colaboradores e pessoas envolvidas no negócio.

Iniciativas voltadas às áreas de saúde, assistência social, cultura, fomento à educação e à moradia são exemplos de responsabilidade social e se ampliam na medida em que envolvem colaboradores, familiares e a sociedade.

O compromisso das empresas em relação ao E do ambiente é mais difícil de comprovar. Os relatórios de sustentabilidade de 2017 e 2018 da Vale, por exemplo, reforçavam que problemas ambientais, como o desastre de Mariana, não ocorreriam novamente. A ruptura da barragem de Brumadinho em 2019 revelou que se tratava de discurso.

Quais são as métricas, como os investidores e gestores profissionais podem identificar as empresas responsáveis nas práticas socioambientais?

O ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), um dos indicadores da B3, permite acompanhar o desempenho das companhias listadas no quesito de gestão sustentável e responsável.

O Relatório de Sustentabilidade, publicado no site das companhias, indica a aderência à metodologia internacional.

Pesquisar fatos e notícias, para identificar se as promessas de sustentabilidade da companhia são, de fato, praticadas.

Os investidores podem ainda verificar métricas como desperdício de água ou emissão de gases estufa nos processos de produção e se a companhia possui o “Sistema B”, um selo internacional destinado a empresas comprometidas a gerar benefícios para a comunidade, e não apenas para seus acionistas.

Os investidores podem garimpar empresas com os três pilares ou aderir aos fundos ESG oferecidos pelas principais gestoras de recursos do país.

As empresas que adotam o conceito ESG geram transformações positivas na vida das pessoas e do planeta. Entretanto, os negócios de impacto representam a proposta mais eficaz para atrair parte do capital privado para soluções diretamente relacionadas a desafios sociais e ambientais. Tema da próxima coluna.

Marcia Dessen -planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.

Fonte: coluna jornal FSP

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