Par de fótons emaranhados durante pesquisa
Em outro trabalho publicado no “ano maravilhoso” de
1905, em que explicou o efeito elétrico, Einstein introduziu outra equação
fundamental: E=hv, onde E representa a energia de um quantum de luz (fóton), v
é a respectiva frequência e h é chamada constante de Planck. A combinação das
duas fórmulas sugere que um quantum de luz com frequência v tem massa m tal que
mc2=hv.
De Broglie teve a ideia notável de inverter o
raciocínio. “Após longa reflexão solitária, subitamente tive a ideia em 1923 de
que a descoberta feita por Einstein em 1905 deveria ser generalizada a todas as
partículas materiais.” Assim como as ondas de luz têm propriedades
corpusculares, tais como a massa, ele propôs que os elétrons têm propriedades
ondulatórias, como a frequência.
De Broglie era um apreciador de música de câmara e sabia
bem que uma corda musical (de violão, por exemplo) só pode produzir certas
notas, tais que o comprimento da corda é um múltiplo inteiro do comprimento da
onda.
De Broglie propôs que, analogamente, o comportamento
ondulatório do elétron explica por que só são possíveis certas órbitas de
elétrons em torno do núcleo: as órbitas postuladas por Bohr seriam precisamente
aquelas em que a onda associada ao elétron realiza um número inteiro de
vibrações.
Einstein compreendeu imediatamente a importância dessas
ideias. Em carta ao físico holandês Hendrik Lorentz, ao final de 1924,
escreveu: “De Broglie fez uma tentativa muito interessante para interpretar as
regras quânticas de Bohr–Sommerfeld. É o primeiro raio de luz sobre o pior dos
enigmas da física”.
Marcelo
Viana - diretor-geral do Instituto de
Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.
Fonte:
coluna jornal FSP