Apaixone-se outra vez pelo seu trabalho


Apaixone-se outra vez pelo seu trabalho

Embora não seja uma expressão muito usada, é totalmente possível – comum, de fato – ter um crush por um trabalho. É mais ou menos como ter um crush por alguém. 

Vemos a pessoa por aí - talvez, apenas de relance, no aeroporto ou em um bar - e pensamos: “Talvez, com ele ou ela eu fosse feliz".

Quando estamos em um relacionamento, o crush tende a despertar em nós a sensação incômoda de que nosso parceiro atual não é tudo o que poderia ser. 

Talvez, fosse melhor encerrar a história que estamos vivendo e buscar uma pessoa mais nova e interessante. 

Comparamos quem já conhecemos e que nos entedia um pouco com aquele novo indivíduo tão cativante. E, claro, nessa comparação, o atual sai perdendo.

A experiência nos ensina a desconfiar desses devaneios tão agradáveis.

Em outras palavras, aprendemos aos poucos que, por mais sedutora que pareça por fora, o crush terá, na média, características incômodas e frustrantes, assim como qualquer outra pessoa, inclusive nós mesmos. 

Algo parecido acontece quando ficamos empolgadíssimos com a ideia de um novo emprego.

Há uma empresa com escritórios maravilhosos: chão encerado, paredes de tijolinho aparente, canecas personalizadas para a equipe e é possível perceber que o pessoal da arquitetura adora vidraças. 

Talvez, você conheceu em uma festa alguém que vai trabalhar numa instituição de caridade no Caribe como diretor de logística; ou o amigo de um amigo abriu uma empresa de papéis de carta luxuosos e parece que achou um belo nicho de mercado. 

Esses pontos de partida são suficientes para pôr em funcionamento um crush profissional. Começamos a construir uma fantasia de como seria ótimo fazer essas coisas, já que - em comparação - nosso trabalho atual parece sem graça e desinteressante. 

No entanto, a realidade espinhosa é que todo trabalho tem suas questões.

Quando estamos empregados, temos muita consciência dos problemas daquele trabalho. 

Os outros, talvez, pareçam mais atraentes porque só temos contato com seu lado positivo. 

Além disso, também podemos estar anestesiados em relação ao trabalho que realizamos: não vemos o que há de bom e esquecemos o que nos atraiu para ele.

É nesses momentos que os méritos da oportunidade profissional que já temos nas mãos desaparecem. Ficam apenas as dificuldades. 

Mas, no crush, tudo ainda é novo, atraente e desconhecido, e não conseguimos parar de pensar nele. Assim, não é que o outro trabalho seja muito melhor. É só que os termos da comparação são muito injustos com o que já temos.

O reencantamento profissional!

E se nos reapaixonássemos pelo trabalho que temos, em vez de nos arriscarmos em um crush ou trabalho imaginário? 

Seria uma oportunidade de avaliar outra vez a empresa onde trabalhamos e a função que exercemos, agora com outros olhos.

Podemos reaprender a amar (até certo ponto) nosso emprego atual. Não seria um deslumbramento. Não seria como na primeira vez em que nos apaixonamos e acreditamos que aquele emprego seria ideal. 

Seria um amor mais maduro, mas ainda real, com toda a consciência das falhas e imperfeições do outro; um amor que conhece as concessões e as sombras, mas que ainda sente apreço e afeto pelos méritos que estão genuinamente presentes na relação.

Voltar a apaixonar-se pelo seu trabalho significa que entendemos a possibilidade de erro do crush profissional. 

Ressignificando o nosso propósito com o trabalho, talvez, sejamos capazes de admitir que nenhum trabalho pode ser tudo o que queremos, mas ainda pode oferecer muita coisa da qual podemos nos orgulhar e que nos dará prazer.

Texto: The School of Life

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