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Os resultados da evolução do PIB apresentados na semana passada
pelo IBGE são promissores. Estimam um crescimento de 1,4% entre o terceiro
trimestre de 2017 e o seu homólogo de 2016, confirmando que o
"empurrão" da demanda estimulado pelo governo federal produziu um
efeito positivo.
Pela primeira vez, há tênues sinais de um sonolento
aumento dos investimentos. A situação desastrosa deixada pelo governo de Dilma
Rousseff em 2016 é muito grave.
Há sérias suspeitas de que o investimento dos últimos
três ou quatro anos não tenha coberto nem sequer a depreciação do estoque de
capital, o que sugere que o tal "produto potencial" (seja ele o que
for) deve ter diminuído.
Como há alguma capacidade ociosa, uma recuperação
cíclica de 2,5% a 3% do PIB para 2018 parece possível, se não houver um tumulto
político de proporções amazônicas.
É preciso reconhecer que, a despeito de toda a confusão,
o governo de Michel Temer vinha conseguindo resultados razoáveis tanto na micro
como na macroeconomia, como ficou evidente pela aprovação da emenda
constitucional que estabeleceu o teto das despesas.
Lamentavelmente, depois da delação superpremiada da JBS,
o "caldo entornou", mas a coordenação política que vinha produzindo
bons resultados ainda caminhou um pouco com a aprovação das importantes
reformas trabalhistas e do juro de longo prazo (TLP).
Infelizmente, resta um problema sério: a absolutamente
necessária reforma da Previdência, sem a qual a destruição da economia
brasileira é apenas uma questão de tempo. É preciso repetir: a reforma não é
para salvar o governo e muito menos para salvar Temer (que será julgado a
partir de 1º/1/2019, sem foro privilegiado).
A reforma da Previdência é necessária (ainda que não
seja suficiente) para garantir o controle fiscal nos próximos quatro ou cinco
anos e, consequentemente, para que possamos aproveitar a janela de crescimento
em 2018. Ela alterará de forma radical o processo de recuperação da economia
nacional, condição necessária para a execução de uma política inteligente de
estímulo à volta do crescimento inclusivo.
Alguns números convencerão o leitor: de 2007 a 2016, a
receita da Previdência cresceu à taxa anual de 10,9% (praticamente igual à do
PIB nominal) e a despesa cresceu à taxa de 11,2% ao ano.
Dados os números de 2007 (R$ 306 bilhões e R$ 338
bilhões para receita e despesa), elas atingiram, em 2016, respectivamente, R$
635 e R$ 875 bilhões. O déficit cresceu de R$ 32 para R$ 240 bilhões, à taxa
exponencial de 25% ao ano! Sem reforma, ele comerá, ao longo do tempo, os
recursos da educação e da saúde! A demografia não perdoa...
Antonio
Delfim Netto –
economista, professor e ex-ministro
Fonte:
coluna jornal FSP