Prazer, sou o senhor CDI
Sou
multiuso, título privado, taxa de juros, e índice de referência de resultado.
Sou utilizado para remunerar os depósitos
bancários, como o CDB, LCI e LCA. Títulos de crédito privados, como as
debentures, notas promissórias, CRI e CRA, também oferecem rentabilidade
atrelada à minha variação em grande parte das emissões.
A variação do CDI é idêntica para todos os
investidores. O que muda, em razão de maior ou menor risco de crédito do
emissor, prazo da operação e condição de liquidez, é o percentual da taxa
definida para remunerar cada operação.
Milhares de fundos de investimento me adotam como
parâmetro, comparam seus desempenhos comigo e cobram taxa de performance quando
conseguem ganhar mais do que eu.
MAS AFINAL, QUEM SOU EU?
Sou o Certificado de Depósito Interbancário, um título
de crédito emitido por um banco a favor de outro banco.
Os empréstimos são
feitos, normalmente, por um único dia, como as antigas operações overnight,
realizados para fechar o caixa diário das instituições financeiras.
QUANTO VALE?
A minha taxa é fortemente influenciada pela Selic e resulta da média diária apurada
nos empréstimos interbancários de curtíssimo prazo lastreados em CDI.
A Selic Over, por sua vez, é a taxa de juros
apurada nos empréstimos entre instituições financeiras garantidos por títulos
públicos federais.
A metodologia para apuração da taxa DI se baseia em
duas condições: a) a quantidade de operações elegíveis para o cálculo da taxa
DI for igual ou superior a cem; e b) o volume total das operações for igual ou
superior a R$ 30 bilhões. Se no dia de apuração da taxa DI, ao menos uma das
duas condições não for observada, a taxa DI será igual à taxa Selic Over
divulgada no dia.
Como a quantidade de transações e o volume
financeiro têm ficado abaixo dos estabelecidos na regra, a taxa DI tem sido
igualada à taxa Selic Over.
O Banco Central opera no mercado de títulos
públicos para que a taxa Selic Over esteja alinhada com a meta da Selic
definida pelo Copom.
Assim, ambas se referem ao custo dos empréstimos de
um dia entre instituições financeiras. A diferença é a garantia utilizada,
títulos públicos no caso da Selic, e títulos privados (CDI) no meu caso.
Fácil
entender a preferência pela garantia em títulos públicos, considerados livres
de risco de crédito.
QUEM CALCULA?
A taxa Selic é definida diariamente, por meio de um
cálculo que considera a média ponderada de todas as transações com títulos
públicos feitas no sistema Selic (Sistema Especial de Liquidação e
de Custódia, disponível em bcb.gov.br).
A taxa CDI é calculada pela B3 em cujo site série
histórica do DI | B3 se encontra a metodologia de cálculo e a série histórica
do DI.
COMO É CALCULADA?
Focando o conceito e não os cálculos, ambas são
expressas em percentagem ao ano e incidem sobre dias úteis.
Para calcular a
taxa de uma operação, o sistema descapitaliza a taxa anual pela quantidade de
dias úteis, considerando que um ano tem 252 dias úteis.
No site do Banco Central, em BCB - Calculadora do cidadão,
é possível corrigir monetariamente determinado valor por um índice de preços,
TR, poupança, Selic ou CDI.
Será que sou o melhor parâmetro de mercado? Se
considerarmos os volumes transacionados em operações compromissadas (Selic) e
em CDI, eu diria que não.
Mas por alguma razão o mercado me adotou como índice
de referência e aqui estou, cheio de popularidade apesar da baixa
representatividade.
Se é a Selic Over que determina o meu valor, creio
que deveria me aposentar e deixar que o mercado e os investidores adotem o
índice de referência que merecem.
MARCIA
DESSEN - Planejadora
financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O
Que Fazer com Meu Dinheiro”.