Apagão tecnológico é nova dor de cabeça para o
consumidor
Tecnologia
certamente mudou o mundo para melhor, mas exige atenção e cautela das
autoridades.
O apagão do Facebook, WhatsApp e Instagram nesta
segunda-feira (4), por sete horas, mostrou o quanto estamos
dependentes das redes sociais.
Não somente para nos divertir e nos comunicar,
mas como consumidores.
Por problemas técnicos ou até ataques cibernéticos, é um
risco que deve ser muito bem avaliado, para evitar que a Terra, literalmente,
pare.
Ficar sem acesso às redes sociais e a mensagens em tempo real é nova dor
de cabeça para os consumidores.
Começa pelo fato de que as mensagens instantâneas
regem as compras de lanches, refeições e bebidas delivery.
Têm sido
fundamentais na pandemia, principalmente nos períodos de agravamento da incidência
da Covid-19.
Compras de supermercado, de livros, de
medicamentos, e até de bens mais caros —como automóveis e imóveis— são crescentemente feitas online.
E mesmo com
a retomada gradual da vida presencial, uma boa parte dos negócios continuará
ocorrendo virtualmente, devido à praticidade e à economia de tempo e no custo
do deslocamento.
A essas questões, soma-se a preocupação com eventuais crises de
energia.
Um apagão elétrico faria com que praticamente nada virtual funcionasse
—mensagens, emails, compras, reuniões por vídeo etc.
Além disso, especialistas advertem que os ataques de hackers
para obter criptomoedas ou como guerra tecnológica também deveriam estar no
radar de empresas, governos e demais instituições.
Até porque os próprios bancos estão aderindo às fintechs, ou
seja, aos serviços financeiros digitais.
O Pix —meio de pagamento instantâneo
eletrônico, geralmente feito por celular—, por exemplo, já alcança 100 milhões
de usuários no país.
E nem vou me referir aos golpes envolvendo aplicativos de
mensagens, que vão da clonagem do
celular e posterior solicitação de dinheiro, a ações muito mais ousadas e
perigosas.
A tecnologia certamente mudou o mundo para melhor, dos avanços
da medicina a facilidades de comunicação, home office, apps de transporte e
delivery de quase tudo.
Mas, como tudo na vida, também exige atenção e cautela
das autoridades, dentro e fora do Brasil.
Acredito que, em breve, novas formas de comunicação e
ferramentas estarão disponíveis, pois não podemos depender tanto de monopólios
tecnológicos.
MARIA INÊS DOLCI - Advogada especializada na área da defesa do consumidor.