"Crianças precisam dos pais
para aprender a lidar com as mudanças em toda a vida!"
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Em agosto, logo após o término das férias, muitas
crianças irão, pela primeira vez, à escola. E, desde já, muitos pais estão
ansiosos com os primeiros dias de escola dos filhos. Quem já levou filhos
pequenos à escola sabe que é uma choradeira para muitos deles. E, de quebra,
para muitos pais também.
Despedir-se dos pais, para a criança, não é fácil!
Ela se angustia com o que sente –como a falta de segurança e de amor, por
exemplo– ao distanciar-se dos pais. E, para estes, também surge a angústia na
despedida dos filhos, porque, ao deixá-los na escola, eles têm a sensação –e os
sentimentos consequentes– de que estão abandonando os filhos, tão pequenos!
É de apertar o coração assistir a algumas cenas na
porta das escolas nos primeiros dias de aula, do semestre ou, em alguns casos,
em qualquer época do ano. Vemos crianças berrando, com lágrimas verdadeiras
escorrendo pelo rosto, outras se agarrando nas pernas dos pais, e outras,
ainda, se jogando ao chão, tornando quase impossível tirá-las de lá. Como elas
ficam fisicamente fortes e pesadas nessas horas, não é?
Já os pais, muitos deles ficam frágeis nessa
situação. Alguns consideram até a possibilidade de deixar para levar o filho
para a escola mais tarde, tão grande é o sentimento de tristeza ao vê-lo
desesperado na despedida. Mas essa despedida é importante, porque ir para a
escola significa, entre outras coisas, crescer.
É: despedidas são difíceis, tanto para as crianças
quanto para os adultos. Nós também sofremos com as despedidas, mas temos condições
de aguentar o tranco.
As crianças, em formação ainda, precisam, e muito,
da ajuda dos pais e dos professores para aprender a lidar com os sentimentos
que tanto as afetam com as despedidas porque elas serão muitas, e ocorrerão
durante toda a vida!
Aliás, desde bem pequenas as crianças lidam com
despedidas: despedem-se da amamentação, das fraldas, dos dentes, do berço, da
companhia constante da mãe e/ou do pai; despedem-se dos avós e dos bisavós, em
determinadas situações, para sempre. A cada despedida, um novo sentimento pode
incomodar, e é aí que os adultos podem colaborar com as crianças.
Acolher o sofrimento que os filhos experimentam nas
despedidas, mas permitir que ele aconteça, para que possa ser superado, é
importante. Para isso, os pais precisam manter a firmeza, mesmo que seja com
fragilidade, porque é o que ajudará as crianças a entenderem melhor o que se
passa com elas e, assim, se conhecerem. Essa firmeza passará aos filhos a
imagem de que, se os pais conseguem, eles também conseguirão.
É: despedidas são difíceis, tanto para crianças
quanto para adultos. E é enfrentando essas dificuldades todas que me despeço de
vocês, caros leitores, e de nossas conversas semanais neste espaço da Folha.
Minha despedida precisa vir acompanhada de
agradecimentos: por sua companhia nesse tempo, pelos enriquecedores diálogos
que mantivemos indiretamente, pelas reflexões que me permitiram crescer e pela
amorosa acolhida que tive da parte de vocês.
À Folha agradeço o respeito por meu trabalho
e o espaço para a educação, sempre necessário, mas que poucos veículos dão.
E como as despedidas não devem se alongar para que
não sejam ainda mais sofridas, finalizo com o meu "Muito Obrigada"!
Rosely
Sayão - psicóloga e consultora em educação,
fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato
de educar.
Fonte: coluna jornal FSP