Como fica a poupança com a nova Selic
Remuneração
fixa de 0,5% ao mês da poupança perde para a Selic de 10,75% ao ano.
A Selic mantém a sua trajetória de alta e alcança 10,75% ao
ano.
Nesta coluna quero me dirigir, particularmente, às pessoas que
investem na poupança, conscientes da baixíssima tolerância a riscos que têm.
Como fica a competitividade da poupança nesse
contexto? A poupança não fica bem nessa foto.
Quanto
maior a Selic, menor será seu retorno quando comparado com alternativas de
investimento em renda fixa.
A remuneração fixa de 0,5% ao mês, equivalente a
6,17% ao ano, representa um retorno bem abaixo dos 10,75% da Selic.
O que complica ainda mais a situação de quem
investe na poupança é que a Selic deve continuar em alta e no patamar
de dois dígitos durante o ano todo.
Assim, não se trata apenas de um momento
ruim que logo vai passar, não dá para fazer de conta que não está acontecendo
nada, que tudo bem ficar na poupança...
Milhões de pessoas preferem a poupança, dando
pouca ou nenhuma importância à rentabilidade. As razões pelas quais fazem isso
são pessoais, mas posso intuir e listar algumas.
Não se consideram investidores, apenas poupadores.
Conhecem pouco ou nada sobre outras aplicações financeiras; apreciam que tenha
rendimento definido, não é preciso negociar com ninguém; movimentação simples,
semelhante a uma conta-corrente, com depósitos e saques livres; isenta de
custos e impostos.
Posso pensar, ainda, em duas crenças equivocadas: que o
governo garante e que rende, ao menos, a inflação.
Se não houvesse alternativa no mercado de renda
fixa, com o mesmo nível de risco, só restaria lamentar.
Mas alternativas
existem, mais rentáveis, sem correr mais risco. O investidor só precisa trocar
o depósito em poupança por outros tipos de depósitos bancários. Todos
garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
O CDB, por exemplo, disponível para todos os poupadores e investidores,
pequenos e grandes, tem liquidez diária, o investidor pode resgatar em qualquer
dia do mês e ganhará rentabilidade proporcional, qualquer que seja o prazo
decorrido.
Melhor do que a poupança que só credita os rendimentos no dia de
aniversário da conta.
Sim, paga Imposto de Renda, pior do que a poupança
nesse sentido. Mas tudo depende da taxa que o investidor conseguir.
A maioria
dos bancos oferecem 100% do CDI, com liquidez diária, superando a rentabilidade
líquida da poupança apesar do IR.
O vencimento é longo, não precisa ficar
renovando a cada instante.
Melhor do que o CDB, vale a pena pesquisar as
letras, LCA e LCI, isentas do imposto de renda. O mercado oferece aplicações
com taxa entre 90% e 100% do CDI, líquido, sem imposto.
Com garantia do FGC.
Ok, tem um probleminha, nem tudo é perfeito. Essa aplicação normalmente tem carência
de 90 dias. Significa que não pode pedir resgate nos primeiros 90 dias, mas
decorrido esse prazo, a liquidez será diária, com a mesma rentabilidade
contratada.
O investidor tem que pesquisar e negociar para conseguir a melhor
opção. No vencimento, sim, a aplicação tem vencimento, deve renegociar tudo
outra vez.
Ah, não posso deixar de mencionar o Tesouro Selic, título público que paga 100% da Selic,
sujeito a IR e isento de custo para aplicações de até R$ 10 mil por CPF.
Acha complicado?
Não gosta de intermediários e se
sente inseguro com o discurso dos vendedores?
Só confia na conta-poupança?
Acredita que a diferença é pequena e não vale a pena o trabalho?
Então não faça
nada, deixe o seu dinheiro onde se sente seguro e protegido. Pode não ser o
melhor rendimento, mas talvez seja a aplicação mais adequada para você.
MARCIA DESSEN - Planejadora financeira CFP (“Certified
Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu
Dinheiro”.