A carta original da
Universidade Rice, de 1891, registrava a criação de uma instituição de ensino
dedicada à promoção da literatura, da ciência e da arte. Hoje, a universidade
parece igualmente dedicada à promoção do próximo Mark Zuckerberg.
A universidade oferece cursos acadêmicos de estratégia e
financiamento de empreendedorismo, workshops extracurriculares sobre start-ups
e um programa de verão para estudantes que querem abrir empresas. Em agosto, a
Rice anunciou uma “iniciativa de empreendedorismo” de vários milhões de
dólares, visando desenvolver mais cursos e programas sobre o tema. Os
administradores querem construir um centro de empreendedorismo para reunir
aulas e serviços de suporte a projetos de alunos.
Inspirados por histórias de sucesso no Vale do Silício,
estudantes de graduação agora esperam que as universidades os ensinem a
converter suas ideias em empreendimentos comerciais.
As universidades estão engajadas em uma corrida de inovações. Em
2011, Harvard abriu um Laboratório de Inovação que já ajudou a lançar mais de
75 empresas. Em 2014, a New York University fundou um laboratório de
empreendedores em seu campus, e, em 2015, a Northwestern University, perto de
Chicago, abriu um centro de start-ups fundadas por alunos, o Garage.
No entanto, a campanha para promover o empreendedorismo nas
universidades é vista com ceticismo por alguns acadêmicos, para os quais às
vezes falta rigor aos programas de start-ups. Mesmo alguns professores de
empreendedorismo dizem que algumas universidades estão apenas copiando uma
mentalidade de “inovar e perturbar” e promovendo conjuntos restritos de
habilidades, “por exemplo, como entrevistar potenciais clientes ou apresentar
propostas a possíveis investidores”, sem incentivar seus alunos a encarar
problemas mais complexos.
Em seu esforço para desenvolver ecossistemas férteis para o
empreendedorismo, muitas instituições estão seguindo diretrizes traçadas anos
atrás pela universidade Stanford e o Instituto Massachusetts de Tecnologia, que
envolvem cursos acadêmicos, experiência prática e uma rede extensa de apoio e
assessoria, formada por antigos alunos dessas instituições. Alguns dos
programas pagam ajudas de custo a estudantes que participam de programas de
aceleração ou oferecem capital inicial para suas start-ups; outros podem
negociar arranjos de partilha de recursos, nos casos em que os alunos de
pós-graduação querem comercializar ideias desenvolvidas nos laboratórios das
universidades.
Mung Chiang, diretor do Centro Keller de Inovação no Ensino da
Engenharia, em Princeton, disse que a universidade quer ajudar alunos,
professores e ex-alunos a se tornarem mais empreendedores em seu trabalho no
setor privado, governamental e sem fins lucrativos. “É um esforço para ampliar a
visão e as capacidades das pessoas”, disse.
Para os estudantes, a perspectiva de fundar o próximo Snapchat
ou Instagram é uma das atrações. No entanto, em um mercado de trabalho
limitado, onde jovens adultos preveem trabalhar para empresas diferentes a cada
poucos anos, alguns universitários se inscrevem em cursos sobre a criação de
start-ups na esperança de se dotar de qualificações para serem profissionais
autônomos.
“Para ser franco, as pessoas de nossa geração não querem mais
fazer uma coisa apenas pelo resto da vida”, disse Mijin Han, estudante de
último ano na Universidade Rice que está se formando em inglês e administração
de empresas com foco no empreendedorismo. “Nossa geração quer aprender coisas
diferentes, e, se o ambiente em volta não as oferece, queremos ir lá fora e nos
arriscar.”
Natasha Singer – repórter do New York Times
do suplemento de negócios