Educação financeira deve estar na escola desde cedo
Escola do Futuro
Entender
como poupar dinheiro e consumir de forma consciente são importantes para
especialistas.
Em uma sociedade endividada, aprender a lidar com as
finanças pessoais deve começar cedo, afirma Reinaldo Domingos, presidente da
Abefin (Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira).
Para ele, a educação financeira é uma ciência humana
que precisa de metodologia para ser aplicada e deve ser tratada desde cedo na
escola, a partir de recursos lúdicos. "Você ensina sobre o tempo, sobre
economia, sobre reduzir gastos para guardar para os sonhos e realizar
desejos."
Em fevereiro de 2022, o percentual de famílias brasileiras com dívidas alcançou
o maior patamar desde março de 2010, atingindo 27%, de acordo com números da
CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
No Mapa da Inadimplência e renegociação de dívidas,
do Serasa, 65 milhões de brasileiros estavam inadimplentes no mesmo período.
Entre os principais motivos, estão o cartão de crédito (28,6%), seguido pelas
contas básicas como água, luz e gás (23,2%).
Implementar a educação financeira no currículo escolar foi o tema debatido
durante a segunda edição do seminário Escola do Futuro, realizado pela Folha,
na quinta (28).
Com mediação de Paulo Saldaña, fundador e diretor da Jeduca (Associação de Jornalistas de
Educação) e repórter do jornal, o evento foi patrocinado pela Conquista,
empresa de soluções educacionais.
Com o lúdico, levamos a criança a ver
que o dinheiro é um meio para realizar sonhos | Reinaldo Domingos - presidente da Abefin
"Lidar com o dinheiro exige entendimento
do relacionamento social, do contexto socioeconômico e da nossa história",
afirma Ivo Erthal, especialista em formação de professores e gestão de teorias
educacionais na Conquista.
A opinião é partilhada por Amanda Dias, orientadora financeira e fundadora do
projeto Grana Preta, de educação financeira para pessoas com baixa renda.
"Não consigo tratar de educação financeira ignorando questões sociais.’’
Amanda conta que não se via representada nos
exemplos usados em formações sobre finanças pessoais que participava.
"Eram muito distantes da minha realidade." Hoje, ela afirma buscar
identificação com o dia a dia de pessoas de baixa renda em seu método de
ensino.
A
educação financeira é um aprendizado constante, envolve escolhas e emoções | Wendy Haddad Carraro - professora de ciências contábeis da UFRGS
"A principal mudança que fiz foi trazer a
ideia de que prosperidade é viver bem, sair da lógica de apenas sobreviver e
trazer exemplos essencialmente brasileiros."
Famílias de renda muito baixa (até R$ 1.808,79) são
as que mais sofrem com a inflação: em 12 meses, o índice foi de a
10,9%, enquanto o impacto nas famílias de renda alta (maior que R$ 17.764,49)
foi de 9,7%.
Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Para Rogiene Santos, professora de finanças na
Fundação Getulio Vargas, o tema tem de ser tratado de forma interdisciplinar.
Ela diz que entender a gestão do dinheiro vai além de ter afinidade com
matemática. O importante é entender a dinâmica do poupar.
"Só sobra se o meu gasto é menor do que o meu
ganho, colocar isso em números é simples. Na prática, é difícil abrir mão de um
benefício hoje para ter outro no futuro."
Reinaldo Domingos, da Abefin, relembra a
importância da BNCC (Base Nacional Comum Curricular),
implementada nas escolas a partir de 2020, que institui a educação financeira
como conteúdo transversal, que atravessa mais de uma disciplina da grade
curricular.
Hoje
vejo como a educação financeira permitiu que realizasse meus sonhos | Rogiene Santos - professora de finanças na FGV
Para Wendy Haddad Carraro, professora da UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e coordenadora do projeto Educação
Financeira para Todos e para Toda a Vida, o aprendizado deve ser constante e
levar em consideração os diferentes momentos da vida de cada pessoa.
Ela destaca a importância de procurar orientação
para quem está em uma situação de endividamento grave. "Procurar uma saída
sozinho é praticamente impossível."
Uma das alternativas apontadas por ela é o consumo consciente: "Preciso de
tantas peças de roupa? De calçados? O que é suficiente?"
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Educação financeira em tempos de Covid-19 - Projeto vinculado à Universidade Federal do Rio
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Financeira para Todos e para Toda Vida, que reúne materiais de apoio para
organizar as finanças pessoais.
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educacional, em parceria com o Serasa, a formação apresenta, em sete módulos,
conteúdos para quem quer economizar no dia a dia.
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Pessoais - Com
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Fundação Getulio Vargas, traz conteúdos e exercícios para os participantes que
querem aprender a controlar seus gastos.
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parceria com a Escola de Administração Fazendária, o curso de 20 horas de
duração apresenta conceitos básicos de gestão e finanças pessoais.
Catarina Ferreira – jornalista FSP