Promover a satisfação dos funcionários e evitar que eles queiram
ir para a concorrência é um desafio histórico para as empresas. E um estudo
divulgado nesta semana pelo Hay Group mostra que elas têm avançado pouco
neste quesito.
De
acordo com a pesquisa, que ouviu 906 companhias no
Brasil entre novembro e dezembro de 2014, embora 74% delas considerem a
retenção de talentos um tema muito importante, apenas 26% têm programas
estruturados para isso.
Um
outro levantamento publicado pela consultoria no ano passado já mostrava que apesar de 70% das
organizações terem dificuldades para contratar pessoal e 51% para convencê-los a
ficar no emprego, só 11% desenvolviam táticas para minimizar a rotatividade em
suas equipes.
Esse
descompasso acontece porque, segundo Gustavo Tavares, diretor do Hay Group e
responsável pelo estudo mais recente, os esforços para segurar os funcionários
(como treinamentos e planos de carreira consistentes) custam caro e não
apresentam resultados visíveis a curto prazo.
"O
processo de retenção é de médio a longo prazo. No primeiro ano, provavelmente,
não surte efeito nenhum. Dar aumento é mais fácil, é imediato", explica
Tavares.
E, de
fato, oferecer mais dinheiro têm sido a opção mais adotada pelo mercado. Prova
disso é que, de acordo com a pesquisa, 52% dos pedidos de demissão nas empresas
foram motivados por uma oferta salarial melhor, sem ascensão de cargo.
Já o
índice de desligamentos provocados por falta de oportunidade de crescimento foi
bem menor, de 32%. Outros 22% foram ocasionados por desgastes na relação com o
gestor.
Se as
empresas se dedicassem mais a reter os funcionários, essa realidade seria
diferente, na visão de Tavares.
"Quando
o colaborador sabe o que precisa desenvolver para ser promovido e conhece bem o
próximo passo da sua carreira, ele pensa melhor quando recebe uma oferta porque
leva a segurança em conta", diz.
Apesar
de o investimento nessas estratégias ser alto, ele acaba convertido em uma
economia significativa para o negócio. O Hay Group estima que cada funcionário
que precisa ser substituído custe à companhia um valor que varia de 12 a 18
salários recebidos por ele.
Essa
quantia inclui gastos com demissão e contratação, treinamentos para o
trabalhador novato e também perdas com o desfalque de conhecimentos e
habilidades específicas que vão embora junto com quem deixa o emprego.
Atração
Ser
uma empresa onde as pessoas querem trabalhar também é uma preocupação. Das
organizações pesquisadas pela consultoria, 75% dizem que a atração de talentos
é muito importante.
E não
é à toa que elas pensam assim. Segundo os dados, essas companhias tiveram um
índice de rotatividade de funcionários cerca de 4% superior às demais.
Além
disso, em 40% delas o turnover cresceu entre 2013 e 2014 e 41% pretendem
aumentar o quadro de funcionários em 2015.
Segundo
o estudo, é na área técnica (citada por 48% dos entrevistados) que reside os
maiores desafios em reter funcionários – e também as maiores oportunidades de
atraí-los. Em seguida vêm os setores de vendas (31%), engenharia (27%) e TI
(26%).
No
recorte por nível hierárquico, as atenções também são direcionadas para os
profissionais e técnicos (citados por 49% dos ouvidos como de alto grau de
desafio) e para os operacionais e administrativos (32,5%).
"Recentemente
as carreiras técnicas tiveram uma valorização superforte e a quantidade de
formados ainda não é suficiente para suprir o mercado", conta Gustavo
Tavares, do Hay Group.
Ele
diz que esse movimento é destacado nas indústrias de óleo e gás, especialmente
na área de construção de infraestrutura, que necessita de funções muito
específicas. "É fácil você encontrar um soldador, mas alguém que faz solda
embaixo d'água, não".
Medidas
Entre
os recursos para assegurar que os funcionários não deixem as empresas, o mais
usado em 2014 foi avaliação de desempenho, implantada ou mantida por 42% das
pesquisadas. Em segundo lugar ficaram os programas de desenvolvimento para
lideranças (41%) e, em terceiro, os reconhecimentos não-financeiros.
Já
para 2015 a prioridade será para a implantação ou comunicação de planos de
carreira (52%), a construção de planos de sucessão organizacional (48%) e os
projetos de desenvolvimento para lideranças (47%).
Outras
estratégias
De
acordo com o material, 51% das organizações contam com uma política estruturada
para a gestão de desempenho de suas equipes.
Em
relação à diversidade, só 21% delas têm programa de valorização. Destas, a
maioria trabalha para a inclusão de pessoas com deficiência (47%) ou de jovens
e idosos (18%). As cotas para minorias foram adotadas em 73% delas.
Fonte: Exame Negócios