Jae Rhim Lee no Traje para Enterro Infinity, sua criação;
roupa é semeada de cogumelos que se alimentam das toxinas do cadáver.
Jae Rhim Lee quer que você tenha menos rejeição à morte, e ela
acha que uma roupa revestida de cogumelos pode resolver isso.
“Quero propor uma maneira diferente de pensar na morte, que nos
aproxime de sua aceitação”, disse. “Acho que a aceitação da morte é um aspecto
crítico da proteção ao meio ambiente.”
Os cogumelos do Traje para Enterro Infinity, de US$ 1.500 (cerca
de R$ 5.400,00), decompõem o cadáver, o limpam de toxinas e distribuem os
nutrientes no solo. Ninguém foi enterrado com ele até agora, disse Lee, mas um
homem que tem uma doença crônica concordou em ser o primeiro.
Lee, 40, está entre um grupo crescente de empresários que buscam
alternativas ao que ela chama de indústria funerária de “negação da morte”
—embalsamar os corpos e depois colocá-los em caixões guardados em concreto.
O mercado está crescendo. Segundo uma pesquisa feita em 2015
pelo Conselho de Informação Fúnebre e Memorial, 64% dos entrevistados indicaram
interesse por funerais verdes, contra 43% em 2010.
Na Universidade da Carolina Ocidental, pesquisadores do Projeto
Morte Urbana pesquisam a melhor maneira de transformar cadáveres em adubo. Em
Los Angeles, a Undertaking LA opera uma oficina de “faça sua própria morte”,
para dar às pessoas ferramentas para planejar funerais caseiros. Em Barcelona
(Espanha), a Bios Urn fabrica urnas biodegradáveis.
Edward Bixby, que dirige a reserva de enterros verdes Steelmantown
Cemetery em Woodbine, Nova Jersey, disse que os clientes se dividem entre os
interessados pelos benefícios ao meio ambiente e os que não aceitam as
convenções e os custos dos funerais tradicionais.
David Weaver, executivo de publicidade que vive em Vermont,
comprou um traje da morte para si mesmo e um casulo da morte de algodão para
seu cachorro de 2 anos. Ele e sua mascote estão saudáveis.
“É pouco tradicional, mas é a única coisa que eu encontrei em
que meus valores quando vivo poderão ser implementados quando eu morrer”, disse
Weaver, 50.
Roger Moliné, 24, cofundador da Bios Urn, diz que tem encomendas
de 60 mil urnas biodegradáveis. Ele também criou uma incubadora equipada de
sensor que permite que os clientes monitorem a saúde das árvores que crescerem
das urnas. “Sentimos que estava na hora de trazer a morte, e o processo de
morrer, para perto das demandas do século 21”, disse em um e-mail.
A roupa com cogumelos e a Bios Urn estão entre os poucos novos
produtos que podem ser encomendados de fato. O projeto Capsula Mundi, criado
por dois artistas italianos, provocou manchetes e conquistou um grande número
de seguidores on-line de pessoas interessadas em ser enterradas em casulos em
forma de ovos. Mas ninguém ainda foi enterrado dessa maneira, segundo os
artistas, Anna Citelle e Raoul Bretzel.
Nem todo mundo está pronto para abraçar a morte verde. Lee às
vezes recebe mensagens irritadas. “Espero que os cogumelos a comam mais
depressa”, escreveu alguém em um e-mail. Diante de seus objetivos, ela o considerou
um elogio.
Katie Rogers – jornalista e editora do New York Times.
Fonte: NYT