A reforma
da previdência foi promulgada recentemente pelo Congresso Nacional e, embora a
Emenda
Constitucional
aprovada não contemple alterações imediatas na previdência dos servidores
municipais, estabelece que no prazo de dois anos deverá ser instituído o regime
de previdência complementar - RPC para os entes públicos que possuem regimes
próprios de previdência social. Isso significa que a maioria dos municípios
gaúchos deverá oferecer planos de previdência complementar para os novos
servidores públicos, representando uma medida importante no ajuste fiscal para
o futuro destes municípios.
Em nosso
Estado, o regime de previdência complementar foi instituído em 2016, sendo o RS
um dos pioneiros nesta questão. Ainda que naquela época não fosse uma
obrigação, o Rio Grande do Sul soube se posicionar diante daquele que é um dos
maiores problemas das finanças públicas dos gaúchos, a previdência. Em que pese
agora os municípios gaúchos terem o prazo máximo de dois anos para o
cumprimento da obrigação, o fato de estarmos em ano eleitoral, ao mesmo tempo
que pode ser interpretado como uma dificuldade, o que creio que a maioria dos
postulantes aos cargos eletivos fará, pode também ser enxergado como uma ótima
oportunidade, quando olhada sob o prisma de que o cidadão pagador de impostos
não aguenta mais o peso das finanças públicas nas suas costas.
Pois
bem, a reflexão que realmente quero provocar é a seguinte: ao invés de uma
dificuldade, um entrave a superar, a instituição do regime de previdência
complementar não seria uma oportunidade se fosse inserida nos debates do
processo eleitoral de 2020 ou implementada antes disto?
Em
tempos em que a sociedade clama por melhoria nas gestões públicas, de forma a
diminuir a sobrecarga do cidadão pagador de impostos e aumentar a realização de
investimentos naquilo que realmente afeta a vida dos indivíduos, será que o
prefeito ou vereador que se atentar para isto não estará, de fato, se
preocupando com o futuro das novas gerações e da capacidade de gestão dos
próximos governantes?
E, ao
demonstrar real apoio aos interesses da sociedade, não seria tal movimento um
bônus no processo eleitoral?
Sendo
este um momento em que tais temas – reforma e/ou problemas da previdência –
figuram entre os mais comentados, não seria também a hora perfeita para propor
um debate mais coerente e menos eleitoral?
A
instituição do regime de previdência complementar, além de permitir um alívio
imediato para as contas municipais, abrangerá apenas os novos servidores que
ingressarem no serviço público a partir do ato de instituição do regime.
Então,
qual seria a razão para não instituir o RPC agora? É um engano achar que seria
um desgaste, porque o ajuste fiscal já passa a ser imediato, mediante
diminuição da alíquota patronal sobre a remuneração mensal que excede o teto do
RGPS, atualmente fixado em R$ 6.101,06.
Além
disso, a reforma da previdência já demonstra que muitos servidores públicos
estão correndo atrás de suas aposentadorias.
E o que
farão os novos gestores?
Buscarão
novos servidores para reposição nas mesmas regras atuais, sem a limitação do
teto do RGPS?
Quanto
mais cedo instituírem o RPC, menos comprometerão as finanças dos seus
municípios com altas despesas de folha de pessoal e, consequentemente, mais
recursos sobrarão para investimento no coletivo do município.
Não é
falta de atitude, e sim a falta de conhecimento que tem barrado o avanço desta
agenda. Porque quando se entende do assunto, ficam claras as enormes vantagens.
Por fim,
tudo depende do ponto de vista que se quer ter. Aliás, Albert Einstein em sua
sabedoria já dizia: “no meio da dificuldade, encontra-se a oportunidade”.
Danielle
Cristine da Silva
-diretora-Presidente da RS-Prev e Diretora de Investimentos Interina