Como muitos outros conceitos - governança, nação,
democracia, sustentabilidade - o futuro também é um conceito em modo Beta, uma
obra aberta, em construção permanente, com elementos objetivos, coletivos e
subjetivos, individuais. Uma obra aberta está sujeita à realidade dada e à
realidade desconhecida, o que funciona combinado com inovações que podem ou não
funcionar.
Em Previdência Complementar é interessante observar a caracterização do futuro.
É um tempo real porém momentaneamente intangível que, quando acontecer, trará
uma experiência desconhecida com o velho e não com o novo. Dará oportunidade
para minimizar traumas, reduzir riscos, evitar conflitos de diferentes ordens
sem garantir que o futuro será feliz.
Os cálculos estatísticos, atuariais e financeiros consideram algumas variáveis
em um ambiente minimamente controlado, linear, previsível e estável no longo
prazo. Só que esse ambiente que serve aos cálculos é artificial. A vida
real é orgânica, dinâmica, mutante, cheia de possibilidades e incertezas.
Talvez esses contrastes sejam a grande transposição
a ser realizada nas narrativas sobre futuro previdenciário, para que o modelo
da Previdência Complementar passe a fazer mais sentido como solução,
principalmente para os trabalhadores mais jovens.
Projetos de vidas no plural
O conceito de aposentadoria do século 20 aposentou-se! O fim da atividade
laboral como sinônimo de passaporte para o ócio é incompatível com o aumento da
longevidade que, aliás, é a impressão digital do ser humano no século 21.
Diversidade é mais do que uma bandeira. É uma
perspectiva que se assume para ampliar as oportunidades que a vida oferece.
Esse pode ser um viés para conversar sobre Previdência Complementar com as
PESSOAS de todas as idades. O encerramento da atividade laboral permite
realizar quais projetos de vida?
Tem gente que aos 87 descobriu que queria ser DJ.
Tem gente que quer fazer intercâmbio no exterior. Ou viver em um barco,
viajando para lugares desconhecidos. Segundo a consultoria Catho, 50% dos que
se aposentam querem ser empreendedores e abrir o próprio negócio (clique aqui). Nos bastidores dessas novas decisões está a
vontade de ser útil, de se manter incluído, produtivo, ativo e se realizar por
meio de novos e mais significativos projetos de vidas. Histórias com inícios
semelhantes e finais novos.
Futuro como obra aberta! Pode e deve ser diferente do passado, até para
justificar a evolução da espécie humana. Mais interdependente. Mais
responsável. Mais financeiramente saudável. Mais próspero e preparado para as
instabilidades do ambiente e das conjunturas. Mais livre e adaptado. E, quem
sabe, mais feliz!
Nós podemos transformar o aumento da longevidade em uma experiência positiva,
realista e transformadora. Temos instrumentos para nos proteger, enquanto nos
lançamos a cada nova experiência de viver!
Eliane
Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação,
especialista em Gestão de Processos Comunicacionais e consultora de
comunicação, tem participado em projetos com a Suporte Educacional.
Fonte: blog da Eliane: www.elianemiragliablogspot.com.br