Se quiser viver, não beba
- Bar que compra bebida de origem duvidosa não está sendo enganado,
está escolhendo ignorar o risco
- É preciso punir com seriedade: mais fiscalização diária, com
método, e menos operações midiáticas
Todo
empresário sabe o peso de um boleto, o sufoco da folha de pagamento e a
tentação do atalho, além da sedução da "oportunidade imperdível" que
chega por fora.
Mas sabemos, acima de tudo, que o preço das escolhas erradas
não é pequeno. No fim do dia, cada gestor precisa decidir se quer pagar o custo
de fazer o certo ou conviver com a consciência de ter escolhido o caminho
torto.
É
por isso que preciso dizer, sem rodeios: se quiser viver, não beba onde a procedência é duvidosa.
Entre
o "só hoje" e o pronto-socorro, tem gente lucrando com veneno.
Quando
alguém mistura metanol em bebida alcoólica para cortar custos, não se
trata de "adulteração", é crime, e um crime que cega, destrói
famílias e mata.
Não importa o CEP: Pode acontecer em bar de bairro nobre, boteco
de esquina, festa badalada ou mesa de plástico, a tragédia não escolhe
endereço.
O metanol não tem cheiro, não tem gosto, e quando os sintomas aparecem, já é tarde. Não é
erro, é roleta-russa. Não é acidente, é assassinato com rótulo e etiqueta de
desconto.
E aí ficam as perguntas: quem comprou? Quem assinou
a nota? Quem fingiu que não viu? No meio do caminho, todo mundo lucrou um pouco
com a tragédia alheia.
A economia do crime é organizada, tem tabela, CNPJ e
logística.
Do outro lado, o Estado coleciona notas de repúdio, interdições
ocasionais e discursos que não salvam ninguém.
Dono de bar que compra bebida "famosa" de origem
duvidosa, sem distribuidor oficial,
não está sendo "enganado", está escolhendo ignorar o risco, está
brincando com a vida do cliente. Compliance zero.
Cadeia de custódia existe
para isso: nota fiscal, lote, lacre, distribuidor homologado. Quem não cumpre
tem que fechar e responder criminalmente.
Nas plataformas digitais, a farsa continua: álcool
"premium" à venda sem licença, sem controle. Tecnologia não falta
para encontrar os culpados.
O que falta é vontade política. É totalmente
possível cruzar nota fiscal com QR Code, mapear lote, rastrear origem química.
Dá para digitalizar a carta de bebidas e exigir transparência real. O que falta
é vergonha na cara.
Na ponta, jovens bebem veneno achando que estão comprando status. Transformaram o consumo em story e
esqueceram que, em 2025, uma garrafa falsificada pode matar mais rápido que uma
arma.
Quem educa precisa dizer com todas as letras: álcool é droga legalizada
e, com metanol, é veneno ativo.
Se o bar não mostra procedência, levante e vá
embora.
Se está barato demais, é porque sua vida virou a mercadoria.
A polícia já fez apreensões. Isso é o mínimo. Agora
falta punir com seriedade: prisão em regime fechado, cassação de alvará,
responsabilização de sócios e donos, fiscalização diária com método, e não operação midiática de fim de semana.
Querem chamar de exagero? Que chamem. Prefiro o
exagero à condolência. O setor sério precisa liderar: distribuidor homologado,
QR Code em cada garrafa, carta pública de fornecedores, seguro obrigatório,
treinamento de equipe e protocolo de emergência. Quem ama o cliente protege.
Repito: se quiser viver, não beba onde a origem é
opaca. Enquanto a cadeia estiver podre, a sobriedade é o único
escudo. Saúde não é um brinde, é um ato político, um gesto de
sobrevivência e resistência.
NATALIA BEAUTY - multiempreendedora e fundadora do Natalia Beauty Group