Grandes Apostas Para a Saúde em 2018
É indiscutível que as oportunidades em Saúde são
inúmeras. Trata-se de um mercado de 8 trilhões de dólares, marcado por
processos redundantes e ineficiências que geram desperdício e custos que
impactam provedores e usuários, além de gerar alarmantes taxas de burnout nos
profissionais que nele atuam. A boa notícia é que, mais que nunca, isso tem
sido reconhecido. E fomentado discussões sobre como tornar o setor mais efetivo
e eficiente.
Não tenho especialização em Astrologia, Búzios ou Tarot.
Mas já acompanho a Saúde há tempo suficiente para arriscar alguns palpites. E é
justamente esse o meu objetivo nesse post. Após analisar os principais reports
e artigos das principais consultorias e revistas, elencarei o que, a meu ver,
tem mais chances de nortear o setor nesse ano:
1- Dados serão os headliners do processo de transformação
A previsão é de que, a partir de 2020, toda a informação
em Saúde disponível no mundo dobre a cada 73 dias (hoje, isso acontece a cada
dois anos). A habilidade de extrair insights desse tsunami composto por dados
de diferentes formatos e fontes será algo crucial para a indispensável
implementação dos modelos de value-based care,
medicina de precisão e políticas de saúde populacional mais adequadas às reais
necessidades de cada país, estado e cidade.
Nesse sentido, é fundamental o papel do machine learning e dos sistemas cognitivos/de
inteligência artificial. Os grandes players de tecnologia foram espertos, já
perceberam isso e estão se posicionando em Saúde por meio de algo que eles
mesmos definem como uma data-oriented strategy.
2- Segurança e privacidade na transmissão e armazenamento de
informações serão hot topics
A discussão já era incipiente. Mas se intensificou
depois dos ataques ransomware do ano passado. O custo estimado de vazamento das
informações de cada prontuário médico é de cerca de 355 dólares. E, quando ele
ocorre, a perda não é apenas financeira. As instituições de Saúde também perdem
confiança dos pacientes.
Dessa forma, os players necessitarão trabalhar juntos,
de maneira ética e segura para desenvolver melhores estratégias para manejar a
privacidade das informações de saúde de seus usuários. Discussões sobre o papel
de cloud, blockchain e da inteligência artificial nesse processo serão cada vez
mais comuns em payers e providers.
3- Expectativa de maior eficiência por meio da digitalização
Seguindo a tendência que já aconteceu na maioria das
outras indústrias, pacientes, cuidadores e profissionais da Saúde têm buscado
experiências mais digitais, que permitam automatizar processos analógicos e
ultrapassados, trazendo maior agilidade à atenção à Saúde.
Aqui, mais uma vez, é claro o papel dos sistemas
cognitivos e de inteligência artificial na transformação do delivery em Saúde,
especialmente através de aplicações de aconselhamento, automação de processos
administrativos, detecção de fraudes e eventos adversos no cuidado dos
pacientes.
William Gibson diz que "the future is already
here. It is just not evenly distributed". Agora, cabe a nós
continuar promovendo a discussão sobre esses temas e a tão necessária
transformação dos serviços de Saúde.
Mariana Perroni,MD - Médica intensivista e Coordenadora Médica - HealthcareTransformation