Tratamento para o
transtorno envolve terapia cognitivo-comportamental e uso de antidepressivos.
Crises de pânico são episódios súbitos de ansiedade que envolvem taquicardia, sensação de falta de ar e medo de
enlouquecer, entre outros sintomas.
Muitas vezes, sem entender o que está acontecendo,
pessoas que enfrentam episódios assim procuram um pronto-socorro achando que
estão tendo um ataque cardíaco.
"Os mecanismos que causam os ataques de pânico
envolvem uma interação complexa de fatores físicos e psicológicos.
Esses
ataques podem, em alguns casos, ser desencadeados por estímulos que lembram
situações de medo anteriores, o que ajuda a iniciar e manter o transtorno do
pânico", explica a neuropsicóloga Tammy Marchiori.
O transtorno do pânico é definido
quando, após uma crise, a pessoa passa a sentir medo constante de ter um novo
ataque e muda sua rotina, deixando de sair de casa sozinha ou evitando
situações que antes eram comuns, como dirigir, usar transporte público, ir à
escola ou ao trabalho, por exemplo.
O diagnóstico correto deve ser feito por um
psicólogo ou psiquiatra. O tratamento é feito com terapia cognitivo-comportamental (TCC), a mais
indicada para casos de pânico e ansiedade, e pode envolver o uso de medicamentos
como antidepressivos e ansiolíticos.
"Fisicamente, os ataques de pânico estão
ligados à ativação do sistema nervoso simpático, à liberação de adrenalina e à
reabsorção inadequada de noradrenalina, o que aumenta as respostas de
medo", diz Marchiori
Veja a seguir três técnicas recomentadas para
controlar os sintomas e se acalmar durante uma crise, elaboradas pela
neuropsicóloga.
RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA
A respiração diafragmática, também conhecida como
respiração profunda ou abdominal, pode ajudar a reduzir a ansiedade e os
sintomas físicos do pânico.
Passo a passo
• Sente-se ou deite-se em um lugar confortável;
• coloque uma mão sobre o abdômen, logo abaixo das costelas, e a outra sobre o
peito;
• inspire lentamente pelo nariz, expandindo o abdômen e deixando a mão sobre
ele subir, enquanto a mão no peito permanece quase imóvel;
• expire lentamente pela boca, permitindo que a mão sobre o abdômen desça
enquanto a mão no peito continua quase imóvel;
• repita: continue a respirar dessa maneira, inspirando pelo nariz e expirando
pela boca, por 5 a 10 minutos ou até sentir os sintomas de pânico diminuírem.
GROUNDING
(ATERRAMENTO)
O grounding ajuda a trazer a mente de volta ao
momento presente, distraindo dos sintomas de pânico.
Passo a passo (técnica 5-4-3-2-1)
• Veja: encontre e descreva cinco coisas que você pode ver ao seu redor;
• toque: identifique quatro coisas que você consegue tocar; pode ser o chão,
uma cadeira, suas roupas;
• ouça: note três sons que você consegue ouvir; pode ser o som de carros
passando, pássaros cantando ou mesmo o barulho do ar condicionado;
• cheire: reconheça dois cheiros que você pode sentir; se não houver cheiros
perceptíveis, pense em seus cheiros favoritos;
• saboreie: concentre-se em um gosto que você consegue sentir; pode ser o gosto
da sua própria saliva ou algo que você esteja comendo ou bebendo.
ESTIMULAÇÃO
DO NERVO VAGO
Estimular o nervo vago pode ajudar a ativar o sistema
nervoso parassimpático, reduzindo a resposta de pânico.
Respiração prolongada
Inspire profundamente pelo nariz, segure por alguns segundos e depois expire
lentamente pela boca. A expiração deve ser mais longa do que a inspiração.
Repita por alguns minutos.
Gargarejo
Gargareje com água morna de 30 segundos a um minuto. Este ato pode estimular o
nervo vago.
Reflexo de mergulho
Mergulhe o rosto em uma bacia de água fria por alguns segundos. Alternadamente,
segure um pano frio na frente do rosto. O reflexo pode ajudar a diminuir a
frequência cardíaca e acalmar a mente.
"Usar essas técnicas durante uma crise de
pânico pode ajudar a reduzir a intensidade dos sintomas e a proporcionar um
alívio imediato. É importante praticar essas técnicas regularmente, mesmo
quando não estiver em crise, para que se tornem mais eficazes e automáticas
quando necessário", diz Marchiori.
SÍLVIA HAIDAR - especialista em
neurociências na Unifesp e formada em história (USP-FFLCH)