Não consegue investir dinheiro regularmente? A
culpa é dos nossos antepassados...
Você já deve ter ouvido, de muitos experts
em finanças, que é importante ter um “objetivo” ao investir.
Para entender a importância dessa recomendação,
precisamos voltar alguns anos no tempo. Bem, na verdade, precisamos voltar bem
mais que isso… Talvez um ou dois milhões de anos, ao Paleolítico, que é aquele
período em que o “Homem virou Homem”.
Não se sabe, exatamente, quanto tempo vivia um
típico homem paleolítico. Alguns restos mortais já encontrados mostram que
algumas pessoas chegavam a viver mais de 50 anos, mas a expectativa de vida
média não devia passar dos 20 anos, principalmente por conta da alta mortalidade
infantil.
Bem, hoje, em grande parte das economias
desenvolvidas, as pessoas já vivem, em média, mais de 80 anos… sendo que fomos
“projetados” para viver 20!
“Investir”, num contexto de finanças pessoais,
significa sacrificar o uso do dinheiro no momento presente (seria o ato de
poupar seguido do ato de investir) para assegurar a disponibilidade de reservas
financeiras no futuro. Ou, então, para podermos fazer, no futuro, algo que
exija uma certa quantia de dinheiro acumulada.
Ou seja, “investir” é algo que está,
intrinsecamente, ligado ao conceito de “futuro”. E “futuro” é um conceito
estranho à natureza humana, pois fomos “projetados de fábrica” para não termos
um futuro (bem… não se pode dizer que uma criatura com expectativa de vida de
20 anos tenha um “futuro brilhante” pela frente…).
Nossos antepassados não pensavam no futuro – eles
viviam “um dia de cada vez”. O foco era no curto prazo, na sobrevivência, em
“viver o dia de hoje”. Pensar no longo prazo, quando se vivia tão pouco, era um
exercício de futilidade. E essa ênfase no curto prazo acabou virando uma
estratégia evolutiva vencedora, tanto que nós, como espécie, sobrevivemos e
prosperamos.
O Ser Humano não foi extinto, a sociedade evoluiu e
a expectativa de vida aumentou. E aqui estamos nós, vivendo quase cem anos, mas
tendo, essencialmente, a mesma mente dos nossos antepassados paleolíticos, com
foco no curto prazo e na gratificação imediata.
Para as nossas “mentes primitivas”, não existe o
conceito de “longo prazo”. Os nossos impulsos são imediatistas, Carpe Diem
(“agarre o momento”)!
Deixar de usar os nossos recursos no momento
presente, para ter mais conforto “amanhã”, não é algo natural para nós, pois,
ao longo de milhares de gerações, vivemos com foco em sobreviver ao “hoje” (e o
amanhã… bem, amanhã a gente resolve!). Por isso, a única forma de dominar essa
tendência de “gastar tudo agora” é tendo um objetivo bem definido, que gere uma
motivação suficientemente forte para conseguir deter um impulso da Natureza.
Sim, porque esse impulso “gastador” não é uma coisa individual (apesar de ser
mais exacerbado em uns do que em outros), é uma coisa de nossa natureza – de
nossa espécie!
Sem um objetivo forte (forte o suficiente para
lutar contra a Natureza) temos dificuldade em investir com regularidade. O
investimento acaba virando como aquelas famosas “dietas”, que a gente faz por
uma semana, duas… e depois viram avacalhação… pois não conseguimos nos
comprometer com aquela visão que está “lá na frente”.
Por isso, para assegurar o seu sucesso nos
investimentos, ANTES de definir sua estratégia de investimentos (que é um outro
passo – e bastante difícil, diga-se de passagem…), defina os seus objetivos.
Alguns objetivos populares são a aquisição de bens de alto valor, a
aposentadoria (que pode ser uma aposentadoria precoce ou “em grande estilo”) e
a formação de uma reserva de emergência (para garantir tranquilidade em
momentos de turbulência).
Lembre-se de que o seu objetivo precisa ser
suficientemente forte e motivador, pois ele vai ter que lutar contra a própria
natureza humana, “forjada” ao longo de milhões de anos.
André
Massaro - Escritor, palestrante, consultor financeiro