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A pedidos, tento responder à
pergunta que eu próprio lancei na coluna de sábado (02/12), na qual
questionei se investidores têm reais motivos para temer uma piora da economia,
caso Lula seja eleito presidente. Eu receio que tenham, mas, como veremos, os
motivos são mais sutis do que sugere a polarização nossa de cada dia.
O primeiro fato a destacar é que,
em 2002, também sob a desconfiança do mercado, Lula sagrou-se presidente e fez,
especialmente no primeiro mandato, uma administração responsável da economia.
Sua gestão não apenas produziu superavits primários como ainda patrocinou uma
importante reforma da Previdência.
Foi só no final de seu segundo
mandato, com o propósito de fazer o sucessor e impulsionado pela exuberante
bonança das commodities, que Lula começou a flertar com o populismo. Nada de
irrecuperável, porém. Foi preciso Dilma para que a responsabilidade fiscal
realmente desandasse.
Se a história acabasse aqui, nenhum
investidor deveria temer a volta de Lula. Só que a história não acaba aqui. O
Lula de 2018 não é o Lula de 2002, que fez a Carta aos Brasileiros.
De lá para cá, houve a Lava Jato, o
impeachment e a assunção do governo Temer. Acuados, Lula e o PT não viram
alternativa que não adotar um discurso de forte oposição ao programa liberal de
Temer. Lula agora se opõe à reforma da Previdência, à trabalhista, à PEC do Teto
de Gastos etc.
Uma possibilidade é que tudo isso
não passasse de discurso de campanha e que, uma vez eleito, diante do
imperativo de fazer as contas fecharem, Lula iria a gerir a economia de forma
fiscalmente responsável.
O problema é que, depois do estelionato
eleitoral de Dilma em 2014, ficou perigoso para qualquer candidato prometer uma
coisa e, logo depois, começar a fazer o seu contrário. Há razões, portanto,
para acreditar que Lula fala sério quando diz que, eleito, iria ampliar os
gastos públicos e reverter medidas adotadas pela atual gestão
Hélio
Schwartsman -
bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 20
Fonte:
coluna jornal FSP